ATA DA TRIGÉSIMA QUARTA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 11.05.1994.

 


Aos onze dias do mês de maio do ano de mil novecentos e noventa e quatro reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Trigésima Quarta Sessão Ordinária da Segunda Sessão Legislativa Ordinária da Décima Primeira Legislatura. Às quatorze horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Airto Ferronato, Clênia Maranhão, Clóvis Ilgenfritz, Décio Schauren, Divo do Canto, Eliseu Santos, Eloi Guimarães, Fernando Zachia, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, Jair Soares, João Dib, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Gomes, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Mário Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D’Ávila, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Wilton Araújo, Letícia Arruda, João Bosco e Geraldo de Matos Filho. Constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias das Atas da Trigésima Terceira Sessão Ordinária e das Segunda, Terceira, Quarta e Quinta Sessões Extraordinárias, que foram aprovadas. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Eliseu Santos, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Fernando Zachia, 01 Projeto de Resolução nº 13/94 (Processo nº 981/94); Pelo Vereador João Dib, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 60/94 (Processo nº 1019/94); pelo Vereador Luiz Braz, 06 Pedidos de Providências; pelo Vereador Mário Fraga, 02 Pedidos de Providências; pelo Vereador Nereu D’ Ávila, 03 Pedidos de Providências; pelo Vereador Pedro Américo Leal, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Pedro Ruas, 02 Pedidos de Providências. Do EXPEDIENTE constaram os Ofícios nºs 232, 233 e 234/94, do Senhor Prefeito Municipal, 71/94, da Secretaria Municipal da Fazenda, 10/94, da Comissão Especial constituída com a finalidade de fazer a análise e diagnóstico institucional sobre a área de saúde no município de Porto Alegre. A seguir, nos termos do artigo 94 do Regimento Interno, o Senhor Presidente concede a palavra ao Vereador Luiz Negrinho, que falou sobre denúncias formuladas na última segunda-feira, acerca de contratações irregulares feitas pelo Grupo Hospitalar Conceição, comentando relatório do Conselho Fiscal dessa Entidade, quanto a problemas observados no referido Hospital. Ainda, leu nota publicada no Jornal do Comércio, em que Sua Excelência recebe críticas face às denúncias formuladas. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Luiz Negrinho deu continuidade ao seu pronunciamento anterior, acerca de denúncias de problemas apresentados pela administração do Grupo Hospitalar Conceição, ratificando suas denúncias e classificando como “irregulares e moralmente absurdas” as contratações então referidas, tendo em vista o quadro precário atualmente apresentado pela saúde pública no País. Após, constatada a existência de “quorum”, foi aprovado Requerimento verbal do Vereador Nereu D’Ávila, solicitando alteração na ordem dos trabalhos. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Fernando Zachia reportou-se ao pronunciamento do Vereador Luiz Negrinho, sobre contratações feitas pela atual gestão do Grupo Hospitalar Nossa Senhora da Conceição, declarando não serem tais contratações irregulares. Ainda, relatou mudanças na direção do referido Hospital, solicitadas pelo Vereador Luiz Negrinho e que terminaram não recebendo a devida homologação. Em continuidade, iniciou-se o período de GRANDE EXPEDIENTE, destinado a homenagear o trigésimo aniversário do Jornal Zero Hora, conforme Requerimento nº 66/94 (Processo nº 495/94), de autoria do Vereador Nereu D’Ávila. Na ocasião, o Senhor Presidente pronunciou-se acerca da solenidade, lembrando a atuação do Senhor Maurício Sirotsky Sobrinho, fundador desse Jornal e registrando a presença, na Mesa dos trabalhos, do Doutor Jaime Sirotsky, Presidente do Conselho de Administração da RBS, do Doutor Dilamar Machado, Secretário Especial da Comunicação Social do Estado, representando o Senhor Governador Alceu Collares, do Jornalista Pedro Osório, representando o Senhor Prefeito Municipal, do Desembargador Moacir Danilo Rodrigues, representante do Tribunal de Justiça do Estado, do Doutor Nelson Pacheco Sirotsky, Diretor-Presidente da RBS, do Doutor Marcos Dvoskin, Vice-Presidente da RBS. Após, concedeu a palavra aos Vereadores que se manifestariam em nome da Casa. A Vereadora Clênia Maranhão analisou o papel fundamental que a imprensa vem cumprindo dentro da sociedade atual, não apenas como divulgadora de notícias mas como veículo de democratização do acesso à informação. Neste sentido, congratulou-se com o Jornal Zero Hora, pelo transcurso de seus trinta anos de existência. O Vereador Nereu D’Ávila falou sobre a trajetória do Jornal Zero Hora, desde seu surgimento até atingir o papel de líder absoluto no Rio Grande do Sul. Lembrou o nome de Maurício Sirotsky Sobrinho, destacando o estreito elo verificado entre o Jornal Zero Hora e a sua comunidade e classificando esse veículo informativo como “patrimônio público do povo gaúcho”. O Vereador Eloi Guimarães discorreu sobre a atuação de Maurício Sirotsky Sobrinho, como jornalista e, acima de tudo, como cidadão gaúcho. Analisou o papel representa pela imprensa na sociedade atual, salientando seu poder como veículo transmissor e construtor da cultura de um povo e atentando para a responsabilidade que tal poder acarreta. O Vereador João Verle saudou os jornalistas que, há trinta anos vem trabalhando para garantir ao Jornal Zero Hora o espaço que hoje ele ocupa na esfera da comunicação em nosso Estado, como órgão de divulgação de idéias e de formação de opinião sobre os fatos da nossa sociedade. Ainda, atentou para a responsabilidade que possui um Jornal como a Zero Hora na luta pela democratização do nosso País. O Vereador Isaac Ainhorn, salientando ter acompanhado a criação e o desenvolvimento do Jornal Zero Hora, falou sobre o reconhecimento que o mesmo hoje alcança junto à opinião pública, não apenas do Estado mas a nível nacional. Finalizando, comentou a relação que deve ser buscada entre o Legislativo e a imprensa e, ainda, solicitou uma melhoria na distribuição do Jornal Zero Hora junto aos demais Estados brasileiros. O Vereador Jair Soares discorreu sobre o significado do transcurso dos trinta anos do Jornal Zero Hora, prestando testemunho da atuação desse Jornal como veículo divulgador de campanhas em prol da comunidade, como, por exemplo, as relativas às campanhas nacionais de vacinação. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Lauro Hagemann, declarando ser um jornal repositório da civilização, salientou ter o Jornal Zero Hora, em seus trinta anos de existência, contribuído para a difusão e solidificação do processo democrático brasileiro. Saudou, especialmente, o trabalho dos jornalistas que levaram esse veículo informativo a atingir a expressão nacional que atualmente possui. O Vereador Pedro Américo Leal disse sintetizar um jornal o pensamento de um povo, explanando sobre o significado do transcurso de trinta anos para um veículo de imprensa. Rememorou fatos vivenciados durante sua participação, como jornalista, junto ao Jornal Zero Hora, lembrando, em especial, a atuação de Maurício Sirotsky Sobrinho na direção desse Jornal. Em GRANDE EXPEDIENTE, a Vereadora Maria do Rosário atentou para a relação dialética observada entre um jornal e sua comunidade, lembrando o trabalho de denúncia realizado pelo Jornal Zero Hora no referente à prostituição infantil. Ao finalizar, saudou a todos os profissionais que integram a Empresa Jornalística RBS. O Vereador Jocelin Azambuja, contextualizando o atual momento de crise no Brasil, lembrou a responsabilidade de um órgão de imprensa como o Jornal Zero Hora. Destacou deverem os órgãos de imprensa, juntamente com a denúncia, saber elevar os bons e éticos políticos que temos em nosso País. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Nelson Pacheco Sirotsky, que historiou sobre a origem e o desenvolvimento do Jornal Zero Hora, agradecendo a homenagem hoje prestada pela Casa. Durante a homenagem, o Senhor Presidente registrou, como extensão da Mesa, a presença do Jornalista Paulo Sant’Anna, do Doutor Marcos Kraemer, Diretor da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul, do Jornalista Ênio Rockemback, Vice-Presidente da Associação Riograndense de Imprensa, do Doutor Luciano Benetti, representante da Emprensa Porto-Alegrense de Turismo e do Senhor Dirceu Aloísio Guimarães, do Departamento Comercial da Jornal Zero Hora, e registrou a presença, na Casa, de inúmeros Jornalistas e profissionais da área da comunicação social, que vieram prestar sua homenagem ao Jornal Zero Hora. Também, o Vereador João Dib solicitou que fosse entregue ao Doutor Nelson Sirotsky uma pasta com os pronunciamentos hoje feitos na Casa, relativos ao transcurso dos trinta anos do Jornal Zero Hora. Às dezesseis horas e vinte minutos, o Senhor Presidente agradeceu a presença de todos e suspendeu os trabalhos, nos termos do artigo 143, II do Regimento Interno, sendo os mesmos reabertos, constatada a existência de “quorum”, às dezesseis horas e vinte e oito minutos. Em GRANDE EXPEDIENTE a Vereadora Helena Bonumá criticou o descaso do Governo Estadual com a prevenção da AIDS, atentando para o cessamento, por falta de recursos, da realização do teste de HIV pelo Centro de Dermatologia Sanitária do Estado. Também, criticou a atuação da Brigada Militar em incidente ocorrido hoje, entre brigadianos e agricultores no Ministério da Fazenda, comentando, ainda, a manifestação “Grito da Terra Brasil”, que vem sendo realizada por pequenos agricultores de todo o País. A seguir, o Senhor Presidente informou que o Senhor Prefeito Municipal viajará para a Cidade de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, dia treze do corrente, devendo retornar no dia 14, às dezessete horas e trinta minutos. Também, foi apregoada Emenda de autoria do Vereador Nereu D’Ávila, aposta ao Projeto de Resolução nº 16/94. Em continuidade, foi apregoado Requerimento do Vereador Eliseu Santos, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, para o dia de hoje. Após, o Senhor Presidente declarou empossado na Vereança o Suplente Edi Morelli, em substituição ao Vereador Eliseu Santos, informando que Sua Excelência passaria a integrar a Comissão de Saúde e Meio Ambiente. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Guilherme Barbosa solidarizou-se com manifestação que vem sendo realizada por pequenos agricultores em luta por melhores condições de trabalho, criticando a atuação da Polícia de Choque da Brigada Militar em incidente verificado com estes colonos no prédio da Receita Federal. Ainda, apoiou Projeto encaminhado à Assembléia Legislativa pelo Governo Estadual, que solicita autorização para contrair financiamento para construção da Hidrelétrica de D. Francisca. Após, constatada a existência de “quorum”, foi rejeitado Requerimento verbal do Vereador Wilton Araújo, solicitando alteração na ordem dos trabalhos e alteração na ordem de votação da matéria constante da Ordem do Dia, votando-se o Processo 1079/94 em primeiro lugar. Este Requerimento foi rejeitado por doze Votos SIM contra dezessete Votos NÃO, tendo votado Sim os Vereadores Airto Ferronato, Clênia Maranhão, Eloi Guimarães, Isaac Ainhorn, Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Mário Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D’Ávila, Pedro Ruas, Wilton Araújo e Letícia Arruda, tendo votado Não os Vereadores Clóvis Ilgenfritz, Divo do Canto, Fernando Zachia, Geraldo de Matos Filho, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, Jair Soares, João Dib, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Gomes, Lauro Hagemann, Pedro Américo Leal e Décio Schauren e tendo sido, este Requerimento, submetido à votação nominal por solicitação do Vereador Luiz Braz. Após, foi aprovado Requeirmento do Vereador Antonio Hohlfeldt, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares, no dia de hoje. Em continuidade, o Senhor Presidente declarou empossado na Vereança o Suplente Darci Campani, informando que Sua Excelência passaria a integrar a Comissão de Economia, Finanças e Orçamento. Na ocasião, foi apregoado Requerimento assinado pelos integrantes da Mesa desta Casa, solicitando renovação da votação do Projeto de Lei do Executivo nº 22/94, e foram apregoadas as Emendas de nºs 02 e 03, de autoria do Vereador João Verle, apostas ao Projeto de Resolução nº 16/94. A seguir, foi aprovado Requerimento verbal do Vereador Milton Zuanazzi, solicitando alteração na ordem dos trabalhos, passando-se à ORDEM DO DIA. Na ocasião, o Senhor Presidente cumprimentou o Vereador João Bosco, por promoção realizada no dia de ontem, na SOGIPA. Após, foi rejeitado Requerimento acima referido, solicitando a renovação da votação do Projeto de Lei do Executivo nº 22/94, por doze Votos SIM contra dezenove Votos NÃO, após ter sido encaminhado à votação pelos Vereadores Milton Zuanazzi, João Dib, Wilton Araújo, Clóvis Ilgenfritz e Jocelin Azambuja, tendo votado Sim os Vereadores Clênia Maranhão, Eloi Guimarães, Isaac Ainhorn, Luiz Negrinho, Mário Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D’Ávila, Pedro Ruas, Wilton Araújo, Letícia Arruda, João Bosco e Airto Ferronato e votado Não os Vereadores Clóvis Ilgenfritz, Décio Schauren, Fernando Zachia, Geraldo de Matos Filho, Guilherme Barbosa, Henrique Fontana, João Dib, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Gomes, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Pedro Américo Leal, Divo do Canto, Edi Morelli, Darci Campani, Giovani Gregol e Jair Soares e tendo sido, este Requerimento, submetido à votação nominal por solicitação do Vereador Fernando Zachia. Em Votação foi aprovada a Redação Final do Projeto de Lei do Executivo nº 22/94, por vinte e seis Votos SIM contra três Votos NÃO e três ABSTENÇÕES, tendo votado Sim os Vereadores Décio Schauren, Divo do Canto, Eloi Guimarães, Fernando Zachia, Geraldo de Matos Filho, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Henrique Fontana, Jocelin Azambuja, Isaac Ainhorn, Jair Soares, João Dib, João Verle, João Motta, José Gomes, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do Rosário, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Edi Morelli, João Bosco, Darci Campani, Airto Ferronato, Clênia Maranhão e Clóvis Ilgenfritz, tendo votado Não os Vereadores Mário Fraga, Nereu D’Ávila e Luiz Negrinho, tendo optado pela Abstenção os Vereadores Milton Zuanazzi, Wilton Araújo e Letícia Arruda e tendo sido, essa Redação Final, submetida à votação nominal por solicitação do Vereador Luiz Braz. Após, foi aprovado Requerimento verbal do Vereador Wilton Araújo, solicitando alteração na ordem de votação da matéria constante da Ordem do Dia, votando-se o Processo 1079/94 antes do Processo 812/93. Em Discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Resolução nº 16/94, com ressalva das Emendas a ele apostas, por trinta e um Votos SIM, após ser discutido pelos Vereadores Nereu D’Ávila, Milton Zuanazzi, João Verle, Jocelin Azambuja, Luiz Braz, João Dib e Clóvis Ilgenfritz e encaminhado à votação pelos Vereadores Wilton Araújo, João Dib e Henrique Fontana, tendo votado os Vereadores Airto Ferronato, Clênia Maranhão, Clóvis Ilgenfritz, Décio Schauren, Divo do Canto, Eloi Guimarães, Fernando Zachia, Geraldo de Matos Filho, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, Jair Soares, João Dib, João Verle, Jocelin Azambuja, José Gomes, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Mário Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D’Ávila, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Edi Morelli, Letícia Arruda, João Bosco e Darci Campani, e tendo sido, este Projeto, submetido à votação nominal por solicitação do Vereador Luiz Braz. Após, foi aprovada a Emenda nº 01 aposta a este Projeto, por dezessete Votos SIM contra quatorze Votos NÃO, tendo votado Sim os Vereadores Airto Ferronato, Clênia Maranhão, Eloi Guimarães, Geraldo de Matos Filho, Isaac Ainhorn, Jocelin Azambuja, Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Mário Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D’Ávila, Pedro Ruas, Wilton Araújo, Divo do Canto, Letícia Arruda, João Bosco e Edi Morelli, tendo votado Não os Vereadores Clóvis Ilgenfritz, Décio Schauren, Fernando Zachia, Giovani Gregol, Henrique Fontana, Guilherme Barbosa, José Gomes, Jair Soares, João Dib, João Verle, Lauro Hagemann, Pedro Américo Leal, Luiz Braz e Darci Campani e tendo sido, esta Emenda, submetida à votação nominal por solicitação do Vereador Luiz Braz. Ainda, com relação ao Projeto de Resolução nº 22/94, foram aprovadas as Emendas nº 02 e 03 a ele apostas. Na ocasião, o Vereador Luiz Braz informou que se afastará da Presidência da Casa nos dias quinze e dezesseis do corrente, face a convite da Petrobrás para visita a plataforma petrolífera dessa Companhia. Em Discussão Geral e Votação esteve o Projeto de Lei do Executivo nº 19/93 que, a Requerimento, aprovado, do Vereador João Verle, teve adiada sua discussão por uma Sessão. Em Discussão Geral e Votação esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 102/93, discutido pela Vereadora Clênia Maranhão. A seguir, às dezenove horas e quarenta e seis minutos, constatada a inexistência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental. Durante a Sessão, os trabalhos foram prorrogados nos termos do artigo 145 do Regimento Interno, por proposta do Senhor Presidente, aprovada pela maioria dos presentes. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Luiz Braz, Airto Ferronato e Clóvis Ilgenfritz e secretariados pelos Vereadores Wilton Araújo e Clênia Maranhão, esta como Secretária “ad hoc”. Do que eu, Wilton Araújo, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 


(Obs.: A Ata digitada nos Anais é cópia fiel do documento original.)

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Airto Ferronato): Com a palavra o Ver. Luiz Negrinho.

 

O SR. LUIZ NEGRINHO (Questão de Ordem): Conforme o Regimento Interno da Câmara Municipal de Porto Alegre, art. 94, requeiro o tempo especial de, no máximo, dez minutos para o Vereador, em caso especial não previsto no Regimento.

 

O SR. PRESIDENTE: Tempo concedido.

 

O SR. LUIZ NEGRINHO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Na segunda-feira, quando aqui usei meu tempo para fazer algumas denúncias a respeito da Administração do Grupo Hospitalar Conceição, foram-me questionados alguns itens das denúncias que fiz. Realmente, eu estava equivocado, quando denunciei que, no Grupo Hospitalr Conceição, haviam sido feitas trezentas contratações. Na verdade, foram seiscentas e três contratações irregulares. Seiscentas e dezoito, confirma o Ver. Fernando Záchia.

Lerei aqui um parecer do Conselho Fiscal do Grupo Hospitalar Conceição, que diz o seguinte: “Considerando que a Empresa encontra-se hoje em estado de calamidade institucional por onerar, em níveis elevadíssimos, o orçamento do Ministério da Saúde e apresentar, em contrapartida, uma produtividade decrescente” e cita uma série de irregularidades que denunciei. E denunciei mais: havia um Secretário do Município que recebia pelo Conceição, o que também foi questionado. Este dado não consta no relatório, mas tenho o demonstrativo de pagamento que esse Secretário recebeu do Grupo Hospitalar Conceição sem ter que trabalhar. No mês de abril, ele recebeu 52 horas extras, o que equivale a 496,86 URVs. O Assessor desse Secretário recebeu pelo Grupo Hospitalar Conceição 54 horas extras, com isso recebeu 523,26 URVs no mês de abril. Estes foram os questionamentos feitos na segunda-feira e que estou trazendo para que não haja qualquer dúvida de que há um foco de corrupção na Administração do Grupo Hospitalar Conceição. É um desperdício de dinheiro publico, quando se fazem seiscentas e dezoito contratações não permitidas, irregulares num custo aproximado de 500 mil dólares mensais. Outra irregularidade foi a compra de um tomógrafo que custa em torno de 1 milhão de dólares.

O Jornal do Comércio, hoje, na página 14, diz o seguinte, referindo-se a mim: “Vereador, quero o meu”. O Grupo Hospitalar Conceição não é um primor em administração, especialmente pelo esfacelamento de sua gestão que está sob o comando do PSB. O Grupo Hospitalar Conceição é administrado pelo PSB, embora o Superintendente seja do PMDB. (Lê.) “o Ver. Luiz Negrinho pisou na bola ontem. Depois de não ter conseguido empregar um supervisor no Grupo Hospitalar Conceição, decidiu partir para a crítica, e generalizou, afirmando que no Grupo encontram-se, hoje, os maiores focos de corrupção do Estado.” As provas estão aqui.

Quero dizer mais, nós não pedimos nenhum emprego para supervisor nenhum. Nós apenas indicamos trens médicos, do próprio Grupo, que não são filiados ao PP, o PP não pediu emprego, apenas tentou, de certa maneira, após consultar os médicos, inclusive o Ver. Eliseu Santos, que trabalha no Grupo, os nomes que estávamos apresentando. Ele me disse que, realmente, os médicos que estávamos apresentando eram pessoas com mais de 25 ou 30 anos no Grupo, e que seriam muito bem-aceitas. Nós então fizemos isso. Temos médicos filiados ao Partido, mas não os indicamos. É um cargo técnico para o qual deve ir um técnico, de preferência um técnico que conheça a função do Grupo Hospitalar Conceição. Não estamos pedindo emprego para ninguém. Esse jornalista, cujo nome não aparece aqui, está mal-informado ou mal-intencionado, porque se ele quiser eu lhe dou uma cópia da carta que enviamos ao Ministro, solicitando as alterações. Eu não pedi emprego algum para mim, nem para algum assessor meu ou para alguém conhecido. O que se quer é, o que acho, que o PMDB quer, ou seja, trocar a superintendência do Hospital, que está muito mal. Quero, aqui, de público, ressalvar o nome do médico, Dr. Grossmann, que realmente é boa pessoa, e não tem culpa pelos horrores no orçamento do Conceição, que está fazendo esse Superintendente, com o aval do Assessor Administrativo. Isso tem que ser dito.

Ontem, quando o Ver. Fernando Záchia estava falando, rebatendo minhas críticas, foi dado a ele um papel, pelo Ver. José Gomes, dizendo que eu queria emprego para mim. O Ver. José Gomes não me conhece, porque ele não colocaria um papel na Mesa do Ver. Fernando Záchia, dizendo isso, porque jamais pedi emprego para mim. Se cheguei aonde cheguei foi engrazando sapatos e vendendo jornais, há muitos anos, na Praça XV de Porto Alegre. Não cheguei aqui por favor de ninguém, foi com trabalho desenvolvido dentro de uma vila, que após dez anos de trabalhos contínuos, fizeram com que eu me elegesse Vereador.

Se tiver alguém dentro desta Cidade, deste Estado ou deste País que tenha alguma coisa contra a minha pessoa, contra a minha dignidade, ou que eu tenha pedido alguma coisa em beneficio; que me traga aqui, que eu aceito e renuncio ao meu mandato. Tragam-me alguma coisa concreta que mostre que eu tive, aqui, algum favor na minha vida. Venho lá da Vila Cruzeiro, levei dez anos para chegar até aqui e não cheguei aqui de favor.

 

O Sr. Fernando Záchia: São importantes, Ver. Luiz Negrinho, as suas denúncias, principalmente no aspecto do recebimento de salários dos Secretários. Nesse aspecto, parece-me que V. Exa. tem documentação farta. Na outra denúncia, quando fala das irregularidades de contratação - V. Exa. fala em 603; eu tenho 618, que é um numero superior - não é irregular. Existe um parecer jurídico da administração do PFL no Grupo Hospitalar, do tempo do Dr. Telmo Weber, em que eram permitidas contratações sem a necessidade de concurso público. Em cima desse parecer, do qual fazia uso a administração anterior, o PMDB, tendo em vista as necessidades, as carências que o Hospital tem, estava contratando, em cima de um parecer jurídico que existia no Hospital. É importante que se tenha isso.

 

O SR. LUIZ NEGRINHO: Eu gostaria de solicitar o meu tempo de Liderança.

 

O SR. PRESIDENTE: Liderança com V. Exa. cinco minutos.

 

O SR. LUIZ NEGRINHO: Eu gostaria de dizer ao Ver. Fernando Záchia que ele tem razão neste aspecto. Só que a autorização do Ministro era para 180 contratações. Isto ele me disse pessoalmente: a ele foi pedida autorização e ele autorizou apenas 180. Mas, queiram ou não queiram, no estado em que se encontra a saúde no Estado, onde para se abrir um posto médico, embora sem custo nenhum, faz-se um alarde, como recentemente, é um absurdo, 618 contratações no Grupo Hospitalar Conceição, sejam elas irregulares ou não - e são irregulares - até moralmente é um absurdo. Eu tenho um levantamento aqui que o meu tempo não vai permitir que eu faça um relatório do início da administração atual, quando se iniciou até este exato momento. Eram em torno de cinco mil, eu não estou falando nessa tacada de 618 numa canetada só, são em torno de 2.000 contratações nesta gestão.

Então, para concluir, eu gostaria de dizer aos nobre colegas e ao Vereador-Presidente, neste momento, que quando eu venho a esta tribuna e faço alguma denuncia eu não faço ela em vão para prejudicar alguém. Eu acredito que o que está sendo feito no Grupo Hospitalar Conceição vai vir à tona. Eu apenas estou antecipando as coisas que lá estão acontecendo. Agora, se a imprensa achar por bem que deve divulgar, ela pode divulgar e deve, agora, se achar por bem que não deve divulgar como não foi feito até agora nada, para mim não tem muita importância. Apenas quero estar com a consciência tranqüila que estou na presidência de um partido que hoje tem o Ministro da Saúde e que soube dessas irregularidades e nada fez, estamos fazendo e vamos continuar fazendo. Após essas denúncias de segunda-feira, e vou dizer mais, alguns telefonemas que me deram, pessoas que não se quiseram identificar para a minha Assessoria, digo aqui de público: de onde eu venho eu não tenho medo, porque fazer as coisas que eu fiz na minha vida e para chegar aqui eu não tive medo e não tenho medo, prova que eu estou aqui novamente, denunciando. E na sexta-feira podem ter certeza trarei mais denúncias e vou continuar dizendo: podem continuar telefonando, pois não tenho medo, porque a verdade vai vir à tona, doa a quem doer. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. NEREU D’ÁVILA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, tendo em vista que há hoje uma homenagem da Casa aos 30 anos de Zero Hora e só houve por continências da programação preestabelecida, o período do Grande Expediente para esta homenagem e, tendo em vista que a Direção da RBS já se encontra presente neste Plenário, requeiro a inversão dos trabalhos para que nós possamos prestar esta homenagem aos 30 anos de Zero Hora.

 

O SR. PRESIDENTE: Colocamos em votação o Requerimento do Ver. Nereu D’Ávila, para passarmos, imediatamente, ao Grande Expediente. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. APROVADO.

Comunicação de Liderança com o Ver. Fernando Záchia, o qual concedemos formalmente a palavra.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Vou ser objetivo, tendo em vista a homenagem justa que a Casa presta hoje. Não podemos deixar passar em branco essas acusações que o Ver. Luiz Negrinho fez, principalmente à Administração do PMDB no Grupo Hospitalar Conceição.

Vamos com mais calma e deixar bem, claro, e é importante que se diga que a administração do Dr. Cláudio José Sebenelo, no Conceição fez, desde o início da sua gestão, que já faz quase 15 meses, 618 contratações, Ver. Luiz Negrinho, sendo que nenhuma de maneira irregular. Existe um documento, existe um aparecer jurídico que é permitido. O Ministro, que não é do PMDB e V. Exa. bem sabe das brigas internas que estão havendo no Grupo, o Ministro diz, contestar 180 e não autorizou 180, ele quis contestar 180 contratações feitas.

Existe uma auditoria do Tribunal de Contas, V. Exa. que tem aí os resultados não poderia e não deveria omitir os resultados desta auditoria do Tribunal de Contas.

Em segundo lugar V. Exa. deixou bem claro que a direção técnica do Grupo Hospitalar Conceição, dirigida pelo Dr. Grossman, estaria muito bem e que a parte contestada por V. Exa. seria a parte administrativa. V. Exa. indicou o Dr. Valandro para a parte técnica porque ele é médico, mas, administrativamente, ele não tem experiência, a única experiência dele foi na direção do Hospital Cristo Redentor, quando foi mal sucedido, no tempo do PFL. A indicação e a articulação que V. Exa., justamente com uma ala do meu Partido, estavam fazendo era para tirar o Dr. Sebenelo, e a inclusão do Dr. Laranja no lugar do Dr. Grossman e este na Superintendência do Hospital. Nós estaríamos invertendo tudo, ou seja tiraríamos o diretor, médico do Departamento Médico e o colocaríamos na Superintendência e o Dr. Valandro seria colocado na direção médica. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

Destinado a homenagear o 30º aniversário do Jornal Zero Hora, Requerimento nº 66/94, do Ver. Nereu D’Ávila.

Temos a honra de convidar, para compor a Mesa, o Exmo. Sr. Jaime Sirotsky, Presidente do Conselho de Administração da RBS, o Exmo. Sr. Dilamar Machado, Secretário Especial da Comunicação Social do Estado, representando o Sr. Governador, neste ato; o Exmo. Desembargador Moacir Danilo Rodrigues, representante do Tribunal de Justiça do Estado; o Exmo. Sr. Nelson Pacheco Sirotsky, Diretor-Presidente da RBS; o Exmo. Jornalista Pedro Osório, representante do Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre e o Exmo. Dr. Marcos Dvoskin, Vice-Presidente da RBS.

Ilustres componentes da Mesa; Srs. Vereadores; Senhoras e Senhores. Neste período de Grande Expediente temos a honra de presidir esta Sessão que homenageia o 30º aniversário do Jornal Zero Hora, segundo Processo aprovado pela unanimidade desta Casa e de autoria do Ver. Nereu D’Ávila.

Por compromisso anteriormente assumido do Presidente da Câmara, Ver. Luiz Braz, tenho a satisfação de presidir esta solenidade comemorativa dos 30 anos da Zero Hora.

Neste longo período vimos o jornal crescer, modernizar-se, conservando no entanto a sua linha de independência e integridade. Esta característica tem muito do seu fundador, o saudoso Jornalista Maurício Sirotsky Sobrinho, que antes mesmo de tornar-se um grande empresário bem sucedido já era um grande comunicador do Estado do Rio Grande do Sul. E a Zero Hora nestes 30 anos esteve presente em todos os momentos do povo gaúcho, compartilhando seus anseios, alegrias, tristezas e necessidades.

Gostaria de registrar, por fim, que a Zero Hora tornou-se um dos hábitos do povo gaúcho, assim como é para nós o chimarrão e o churrasco. Parabéns ao nosso homenageado, sua Diretoria, funcionários e ilustres jornalistas aqui presentes.

De início passamos a palavra ao Ver. Fernando Záchia, que cede seu tempo à Vera. Clênia Maranhão que está com a palavra.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: (Saúda os componentes da Mesa.) Senhoras e Senhores. A homenagem prestada por esta Casa por iniciativa do nosso Ver. Nereu D’Ávila, seria evidentemente oportuna em qualquer fase da história da Zero Hora. Mas, neste momento da história brasileira em que a imprensa tem cumprido papel fundamental não só na divulgação da notícia, mas no resgate da questão democrática e na busca da verdade, esta homenagem se reveste de uma importância muito especial. Eu poderia aqui fazer um discurso, um pronunciamento em meu nome e em nome da Bancada do meu Partido, o PMDB, resgatando a importância da Zero Hora para o Estado do Rio Grande do Sul. Seguramente os demais Vereadores, os políticos desta Casa, assim o farão.

Eu queria, então, apenas usar o meu tempo para resgatar, aqui da tribuna, a minha homenagem no dia do aniversário da Zero Hora por escrito eu fiz a esse Jornal, que dizia assim: (Lê.) “O escritor Honoré de Balzac já dizia que as mulheres de 30 eram muito especiais. Como uma verdadeira balzaquiana, há 30 anos a Zero Hora vem-se renovando a cada dia. É com orgulho que vejo a Zero Hora engajada na luta pelo aperfeiçoamento da democracia e comprometida com a verdade e a ética. Parabéns por mais esta etapa conquistada com vitória.” Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Nereu D’Ávila, autor da proposição.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA: (Saúdo os componentes da Mesa.) (Lê.)

“No dia quatro de maio de 1964, o público leitor do Rio Grande do Sul assistia o nascimento de um novo jornal. O logotipo azul de Zero Hora chegava às bancas.

Originada da recém extinta Última Hora, ZH surgia numa edição de 24 páginas, impressa nas oficinas dos Diários Associados. Eram, por assim dizer, os tempos heróicos de um órgão de imprensa que, já no ano seguinte, sob a razão social de Empresa Jornalística Sul-Riograndense, começava a ser impresso em sua rotativa própria, iniciando uma trajetória que o levaria, em pouco tempo, a uma invejável posição.

De fato, dentro do que poderíamos considerar como sua primeira fase de existência, abrangendo até o final dos anos sessenta, ZH já estaria circulando em nada menos de 110 municípios gaúchos e empregando cerca de 200 pessoas. Adotara inovações técnicas como o pioneiro sistema de impressão off-set e passara de sua modesta sede na Rua Sete de Setembro para as novas instalações da Avenida Ipiranga.

Contudo, o jornal enfrentava problemas, chegando mesmo a sofrer uma queda em suas tiragens. Neste momento crucial, a Rede Brasil Sul de Telecomunicações assume o comando de Zero Hora, reorganizando-a na Gaúcha Gráfica e Editora e passando a ter Maurício Sirotsky Sobrinho como Diretor-Presidente.

 A colocação do jornal com a Rádio e Televisão Gaúcha já vinha do princípio, mas foi, indubitavelmente, sob a orientação de Maurício e graças ao seu duplo talento de jornalista e empresário que Zero Hora daria um salto de qualidade em todos os sentidos. Se os anos sessenta foram de formação e experimentalismo, os anos setenta e oitenta seriam de crescimento e consolidação, passando Zero Hora e beneficiar-se de sua inserção no corpo de uma empresa de sólida infra-estrutura e modernizando-se não só no plano jornalístico como também no industrial.

 Sua irresistível vocação para crescer não seria tolhida nem mesmo por sinistros, como uma inundação e um incêndio que atingem suas instalações, respectivamente em 1972 e 1973. Em ambas as ocasiões, nem a água nem o fogo impediram o jornal de circular.

Oferecendo cada vez mais a seus leitores em matéria de informação, lazer, educação e cultura, investindo em múltiplos projetos de interesse comunitário, assumido posicionamento decisivo em questão de fundamental importância na época, como, entre outras, a da indústria de celulose Borregaard e a implantação do III Pólo Petroquímico no Estado, ZH cumpria, com destaque, o seu compromisso de defender os interesses do Rio Grande do Sul, fiel aos princípios expressos já no editorial de seu primeiro numero: ser um jornal autenticamente gaúcho, sem vínculos políticos e com o objetivo de servir ao povo.

Eis aí, quem sabe, a oportunidade de se questionar a tese adotada pelo jornal, atualmente, de privilegiar o fato nacional em detrimento dos fatos tipicamente regionais.

Aliás, seria bom observar, também, que hoje os jornais de cunho eminentemente nacional chegam ao Estado e às mãos dos leitores praticamente no mesmo momento que os jornais locais. Daí compreendermos a validade de que se aplique a tese de que a importância da notícia se dá pela proximidade do fato. Temos visto muitas vezes informações sobre a política interna do Nordeste, das brigas familiares de um Governador lá das Alagoas receberem mais espaço do que a repercussão de fatos acontecidos mais perto de nós e que, conseqüentemente, nos dizem mais respeito. Zero Hora firmou, vale repetir, compromisso no seu primeiro número com os seus leitores: ser um jornal autenticamente gaúcho. E o povo tem correspondido a esse compromisso, num Estado que, por circunstâncias que não cabem ser avaliadas neste momento, tem um número de veículos muito pequeno, na área da mídia impressa, comparando-se com Santa Catarina, por exemplo. Daí a absoluta necessidade da nossa população por esse espaço, por esse veiculo perfeitamente identificado e capaz de compreender o povo do Rio Grande até porque, no decorrer dos anos, alguns jornais deixam de existir. Outros - o que talvez seja pior - descaracterizam-se por completo. ZH soube, porém, passar pelas transformações contínuas exigidas pelo dinamismo deste final de século sem se alterar em essência, conservando o que chamaríamos de sua alma jornalística.

Assim ZH - desde 1979, sob a razão social de Zero Hora Editora Jornalística S.A - assumiu, com todos os méritos, sua condição de líder absoluta no mercado sul-rio-grandense e projetou-se, ainda mais, fora de nossas fronteiras, como o quinto maior jornal do Brasil, atingindo tiragens de até cem mil exemplares nos dias úteis e duzentos mil aos domingos.

Estar em tal posição, se é gratificante, gera por outro lado um enorme compromisso e um desafio ainda maior.

Os profissionais e diretores de Zero Hora, no entanto, estão preparados para isso, de olhos postos no futuro, como é necessário, e, ao mesmo tempo, inspirados na memória daqueles que os antecederam.

O afã de aperfeiçoamento dos que fazem o jornal e sua permanente insatisfação nos autorizam a pensar em resultados melhores a cada dia. Também sua abertura no que diz respeito à criticas e sugestões, ao desejo de ouvir e opinião da sociedade sobre o papel da imprensa traduz-se, muito bem, no artigo ‘Liberdade de Expressão’ de Jayme Sirotsky quando diz: ‘É pela imprensa que se divulgam idéias, posicionamentos, ideológicos, informações, as conquistas da própria humanidade, seus erros e seus acertos, seus momentos de paz e seus tumultos de guerra. São os veículos de comunicação e seus profissionais as pontes indispensáveis entre governos e sociedades, entre as realizações ou omissões dos primeiros e as aspirações e expectativas dos respectivos povos.

Esse compromisso de toda a imprensa que é livre é também o seu libelo e o seu desafio: a liberdade plena de expressão e de informação pressupõe responsabilidade, identidade completa com a verdade, isenção na apuração dos fatos, profissionalismo do veículo e de seus jornalistas.

A imprensa brasileira vem-se destacando, sem dúvida, no inadiável processo de recuperação da ética nacional, com as sucessivas denúncias de ilícitos cometidos com recursos públicos ou de corrupção aninhada em diferentes segmentos da vida nacional. Nesse desencadeamento de escândalos, e porque os jornais são feitos por seres humanos, deve-se reconhecer o cometimento de alguns excessos, às vezes por haver confiança em demasia nas fontes de informação - cujo sigilo é uma prerrogativa da liberdade da própria imprensa -, outras vezes até pela inexperiência depois de anos de autoritarismo neste País.

Temos avançado, e muitos, no entanto. E esse tem de ser o compromisso dos meios de comunicação do Brasil à sociedade, que devem servir justamente como instrumentos de informação e de opinião, como veículos de avanços individuais e coletivos, portadores de modernidade e de aspirações nacionais. Empreendimentos econômicos, os veículos de comunicação não podem jamais ignorar a sua responsabilidade social’.

Nunca como atualmente os meios de comunicação social deste País se colocaram mais claramente ao lado dos anseios populares na busca da verdade e no banimento da corrupção e da impunidade. Porém, este desempenho positivo só poderá ser mantido se a sociedade, em vez de ceder à tentação medieval da censura, exigir qualidade e isenção, para obrigar a imprensa a se modernizar e a continuar cumprindo sua atribuição prioritária de bem informar. Zero Hora insere-se nessa predestinação histórica.

Trinta anos se passaram e hoje podemos dizer, sem o risco de incorrermos em exagero, que Zero Hora converteu-se em patrimônio do povo de Rio Grande. Alcançou aquilo a que todos os jornais aspiram: tornou-se, pouco a pouco, parte do cotidiano das pessoas, um hábito quase indispensável para seus milhares de leitores.

Todas as manhas vamos às bancas em busca de nosso exemplar. Nos sábados, ao cair da tarde, aguardamos que a voz dos jornaleiros anuncie o surgimento de sua edição dominical.

Esta experiência diária compartilhada une, a seu modo, os rio-grandenses há três décadas. E se o público leitor gaúcho privilegia Zero Hora desse modo é porque esta sempre o privilegiou também.

Enquanto a magia dessa relação não se quebrar, ZH continuará circulando.

Que não se rompa jamais este elo entre um órgão de imprensa e sua comunidade.”

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Gostaríamos de registrar as presenças do Jornalista Paulo Sant’Anna, nosso sempre Vereador de Porto Alegre; do Dr. Marco Antonio Kraemer, Diretor da FIERGS; Jornalista Ênio Rockemback Vice-Presidente da ARI; Dr. Luciano Benetti, representante da EPATUR; Jornalistas aqui presentes e o Sr. Dirceu Aloísio Guimarães do Departamento comercial da Zero Hora.

Passamos a palavra ao Ver. Geraldo de Matos Filho, que cede seu tempo ao Ver. Elói Guimarães.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais convidados.) Eu devo agradecer a oportunidade que me dá o Ver. Geraldo de Matos, o nosso queridíssimo craque gremista, o Mazzaropi.

Sr. Presidente, Direção da RBS, que nos honra com as suas presenças, quando se comemoram três décadas da Zero Hora, permitam que, num primeiro momento, evoque aqui a figura daquele que foi inspiração, daquele que foi realidade, a figura do imortal Maurício Sirotsky Sobrinho, talentoso homem das comunicações, homem do rádio, mas acima de tudo um ser humano, um cidadão que, tenho reiteradamente dito, era um amigo desta Casa, vez por outra, aqui comparecia para trocar impressões, e até nos aconselhar nas questões mais diferentes do interesse da cidade de Porto Alegre. Então, a nossa primeira evocação à figura gigantesca maior, que foi a figura de Maurício Sirotsky Sobrinho.

Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Zero Hora, que integra o gênero imprensa, uma discussão se poderia colocar: afinal, estamos ou não diante de um poder? Afinal, a imprensa é ou não é um poder? Quero acreditar que, efetivamente, é um poder. É um poder na medida em que vivemos a era das comunicações. Não há vida de relação sem a relação que se faz pelos meios técnicos e tecnológicos da comunicação. Já foi o tempo em que o homem tinha que levar a outro o que queria fazer e o que pretendia fazer.

A medida em que os países, as nações, enfim, os territórios se tornaram grandes, não há mais como se fazer estabelecer a relação de pessoa a pessoa. A relação na sociedade, os comportamentos da sociedade, a cultura da sociedade passam a ser feitas pelos meios de comunicação. Então, na medida em que a imprensa detém esse poder de comunicação, ela também carrega o poder de decisão. E aí, passa a ser um poder. E que poder! Sr. Presidente e Srs. convidados, que poder imenso, que poder imenso! Porque nós, e não é uma fração da sociedade não, são todas as pessoas, se percorrermos nossa Cidade e chegarmos aos mais pobres barrocos, podemos até ali não encontrar leite, feijão, mas vamos encontrar um quadrilátero, que é o televisor. Ali está um televisor, em um simples barraco dos nossos bairros, ali está aquele aparelhinho. E aquele aparelhinho, quer queiramos, quer não, passa a construir a nossa vontade, passa a indicar e construir a nossa opinião. Então, é indispensável que estamos diante de um poder e que o poder constituído, instituído veicula as suas decisões por esse poder.

Então, o jornal que na minha opinião é da espécie imprensa, aquele que tem maior responsabilidade, porque ele não desaparece, é diferente daquilo que ouço no rádio, a notícia, ou vejo na televisão; o jornal, eu fico, detenho a informação e a opinião. Então a nossa querida Zero Hora, que completa trinta anos, escreve e vem escrevendo nesses trinta anos, a história da Cidade, do Estado e do País. Ela escreve a história do cotidiano, nesse improvisar que é a imprensa. Fiquei muito impressionado quando, pela primeira vez, compareci a uma redação de jornal, com todo aquele burburinho que se dá na redação do jornal; eu ficava a me perguntar, Paulo Sant’Anna, como é que se consegue fazer a notícia, dar a opinião naquele entra e sai, bate máquinas, telefones e conversa? Pois ali se constrói, ali se faz a imprensa escrita, ali se conta a história na sua versão descompromissada, descomprometida, que é, exatamente, a busca, a pesquisa do dia-a-dia. Não há melhor fonte para o historiador que amanhã haverá de contar o que ficou no passado, do que pegar o jornal na mão.

Então, para encerrar eu diria ao historiador do futuro: pegue a Zero Hora e faça história; conte a história desta Cidade, com base no compêndio de dados, uma gama infinita de dados dos mais diferentes do dia-a-dia; folheie-se a Zero Hora, ali, está contada, integralmente, a questão da saúde, do esporte, das finanças, da política, etc.

Então, é o jornal que registra o quotidiano das nossas vidas, dos nossos interesses. É a fonte primorosa, fundamental, para que o historiador do futuro escreva sobre o que ficou no passado.

Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a imprensa é um poderoso poder. Evidentemente, seria uma discussão para fazermos um grande debate, porque a imprensa, realmente, exerce, é a minha opinião, um papel decisivo na caminhada histórica do Brasil ou de qualquer outro país.

Portanto, receba a Direção da empresa a nossa saudação, os nossos agradecimentos, e que a empresa continue a fazer o que o seu criador colocou que se fizesse: um jornal para contar a história do dia-a-dia da nossa Cidade, do nosso Estado, e do nosso País. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A palavra está com o Ver. Giovani Gregol, que cede o seu tempo ao Ver. João Verle.

 

O SR. JOÃO VERLE: (Lê.) “Sr. Presidente, Diretores de Zero Hora e da RBS, a bancada do Partido dos Trabalhadores soma-se às manifestações de reconhecimento do papel desse órgão de imprensa na divulgação de idéias, e não formação de opinião sobre os fatos da nossa sociedade, ao longo destes 30 anos.

Nesta homenagem da Câmara Municipal de Porto Alegre, saudamos os jornalistas que há 30 anos ousaram sonhar com um jornal que expressasse a sua versão sobre os fatos e lutaram contra o monopólio da época, transformando sua utopia em realidade. Saudamos os trabalhadores que ao longo destes 30 anos passaram por Zero Hora construindo o jornal que ocupa, hoje, um espaço fundamental na esfera da comunicação, em nosso Estado. Nestes 30 anos Zero Hora cresceu, com competência, transformando-se em uma referência nacional, ma mídia impressa.

O Partido dos Trabalhados e Zero Hora não compartilham das mesmas idéias, que é expressa nos espaços onde veicula a sua linha editorial. É uma divergência que respeitamos e com a qual aprendemos a conviver dentro do pluralismo que defendemos para a sociedade democrática e transparente que queremos construir.

Neste momento de homenagem ao Jornal que contribui para a formação de idéias e o julgamento dos fatos pela sociedade, esta homenagem vem acompanhada da reflexão sobre o momento em que vive nosso País, nosso Estado, e particularmente a Cidade de Porto Alegre, onde estamos construindo uma nova relação de cidadania, de participação popular, de transparência entre quem tem o poder de administrar a cidade onde vivemos e seus cidadãos.

A sociedade aprofunda o debate sobre o projeto democrático para o nosso País e estados todos convidados a expressar nossas posições de forma clara, transparente, agindo na plenitude da defesa da verdade, na pluralidade, sem restrições a grupos sociais ou ideologias na construção da nossa nova cidadania.

Nós, do Poder Legislativo Municipal, o Jornal Zero Hora, da RBS, e os órgãos de imprensa que têm uma grande responsabilidade junto à opinião pública estamos todos convidados a um processo transparente, ético e fraterno na construção da democracia em nosso Estado e no País. Obrigado.”

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra.

 

O SR. ISAAC AINHORN: (Saúda os componentes da Mesa.) Eu quero dizer que tive a sorte, a ventura de ser pego de surpresa pela inovação do Regimento da Casa, que permite aos Vereadores que estejam inscritos no Grande Expediente, fazer, nesta oportunidade, o uso da palavra, registrando nos Anais da Casa da Câmara dos Vereadores os 30 anos do Jornal Zero Hora. Que bom que o Regimento é assim!

Tenho acompanhado, no curso de toda a minha vida pública, desde a militância estudantil, na década de 60, os caminhos de Zero Hora. Que bom, neste momento, em que Zero Hora se posiciona, nacionalmente, como um jornal, definitivamente, reconhecido pela opinião pública nacional.

Que bom que o Jaime Sirotsky, que o Nelson Sirotsky e que o Marcos Dvoskin estejam aqui presentes! Que bom que vocês se encontrem aqui conosco nessas homenagens! Valoriza, também, pelo que representa hoje Zero Hora nacionalmente e mostra o quanto vocês têm em conta e em importância a representação política da Cidade de Porto Alegre. Isso é muito importante para a Câmara e para cada um dos 33 Vereadores desta Cidade. É um momento realmente importante e no momento em que Zero Hora apresenta a sua nova feição gráfica. Como é difícil, Marcos, a gente se habituar com uma nova feição gráfica! Eu, diariamente, cedo pela manhã, disputo o jornal com o meu filho para ver quem lê primeiro.

 

 (Aparte inaudível.)

Realmente Vera. Clênia, eu tenho duas assinaturas, uma em Casa e uma na condição de Vereador, mas evidentemente que não agüentaria esperar até a hora de chegar aqui para ler o jornal. Pois, tenho que me habituar à nova feição gráfica, tenho que ir lá atrás para ver onde estão os registros das reclamações da “Coluna do Leitor”. Felizmente, a última página continua com o nosso Paulo Sant’Anna, até porque, por hábito, começo lendo o Paulo Sant’Anna, não pelo Paulo Sant’Anna, que já deve estar pensando que é por causa dele, mas é porque leio assim, começando de trás para diante.

Hoje tive que ouvir suas histórias e suas explicações do porquê optou pelo jornalismo e não pela política. Já conheço essa história há muitos anos, desde a época em que compartilhava com o Paulo Sant’Anna, nesta Casa, eu na condição de Suplente. Pois, essa é a história e a história, a vida do dia-a-dia desse jornal.

Lamentavelmente, também, quando não temos os espaços generosos que nós, como Câmara de Vereadores, gostaríamos de ter muito mais. A gente fica sempre com aquela vontade. Não é como o Sant’Anna, que diariamente tem a rádio, a TV, o jornal. Realmente, entre ser Senador e ter esses espaços permanente é uma opção muito difícil, por isso entendemos as dificuldades que Sant’Anna atravessou nesses dias todos. Finalmente, optou pelos três, ficar ali escrevendo. Gostaria de fazer um último registro. Por uma questão de bairrismo, nos orgulhamos muito dessa condição de Zero Hora. Não é mais um jornal que se limita às fronteiras do nosso Estado.

Eu quero que a direção tome providências rápidas, porque assim como hoje recebo o Jornal do Brasil, a Folha de São Paulo, gostaria que meus amigos, em São Paulo, no Rio de Janeiro, na Bahia, pudessem ter, com a mesma facilidade que temos os jornais de Rio e São Paulo, a Zero Hora. Isso senti quando comentava com amigos comuns nossos, Nelson, as últimas edições sensacionais e geniais de Zero Hora. Eles me diziam que não tinham lido, porque não há banca. Temos que fazer esse esforço, na medida em que ele já é, pela sua condição, pela sua estrutura, um jornal nacional. Só o Nereu D’Ávila consegue ler a Zero Hora em Nova Iorque. Dessa forma, finalmente chegaremos ao orgulho, à satisfação de sermos um jornal nacional.

Sei das dificuldades e das lutas. Uma vez, há muito tempo, num dos aniversários da Zero Hora, Ver. João Dib, me recordo perfeitamente do pronunciamento de Jaime Sirotsky, e ele dizia: “Que produto difícil de ser elaborado que é o jornal, porque a cada dia não é igual ao dia anterior, é um novo produto que deve ser elaborado dia-a-dia e, a cada dia existe uma nova realidade que fica subordinada a uma avaliação dos leitores e do conjunto da sociedade. Nossa saudação vocês todos da direção da RBS. O nosso orgulho como porto-alegrenses, como rio-grandenses e como brasileiros de termos Zero Hora, hoje, comemorando a sua maior idade da maior idade aos trinta anos. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O próximo orador é o Ver. Jair Soares que está com a palavra.

 

O SR. JAIR SOARES: Sr. Presidente Airto Ferronato, no exercício da presidência; demais componentes da Mesa que saúdo com satisfação; Srs. Jornalistas; Srs. Vereadores, Senhores e Senhoras presentes a esta solenidade. É mais fácil falar-se quase ao término de uma homenagem, porque tudo, ou o quase tudo, já foi dito. É mais fácil porque o orador pode se dar ao luxo de entrar no detalhe. Não vou falar sobre a nova forma do jornal Zero Hora. Não vou falar sobre a tiragem do jornal Zero Hora. Não vou falar do poder da informação que tem o jornal Zero Hora. Vou falar, se possível, dos 30 anos do jornal Zero Hora.

Quando Zero Hora chegou eu já fazia política, lá nos idos de 1964. Zero Hora veio para ficar, e a partir de 1967, me recordo muito bem, quando me foi dado o direito de poder, perante a comunidade, exercer uma atividade ligada ao Rio Grande, comecei a perceber o papel significativo do imprensa.

E assim foram se sucedendo os anos, para quando mais precisei do jornal na década de 70, no exercício de uma das funções mais difíceis na área da saúde publica, recebi o apoio objetivo, direito, permanente nas grandes campanhas, apenas, para citar uma: a de salvar vidas, a de prevenir doenças, as campanhas de vacinação contra varíola, difteria, tétano, coqueluche, sarampo, rubéola, caxumba, meningite meningocócica, tuberculose. Ali, o apoio foi tão grande que os indicadores de saúde, as marcas sanitárias extrapolam as fronteiras do Rio Grande e do nosso País.

Sobre Maurício Sirotsky Sobrinho, tenho as mais gratas recordações. Este homem inteligente, eficiente, sagaz, perspicaz, preparou algo que depois dele nos deixar, há 8 anos, seus herdeiros fazem-no tão bem quanto ele. E aí está o jornal Zero Hora a nos informar naquela linha editorial, independente, imparcial, procurando colocar a verdade e nada mais do que a verdade para que o povo possa buscar a informação. É nesse dia, Jaime, Nelson e Marcos, que eu quero que vocês levem aos grandes colaboradores de Zero Hora, que por trás nos fornecem a informação, o nosso abraço, o abraço do Partido da Frente Liberal. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa.) Assisti ao nascimento da Zero Hora. Nos idos de 1964, logo após o acidente histórico que denominamos, ora por revolução, ora por golpe, a Zero Hora começou a circular e não é por outra razão que comemoramos seus 30 anos agora. A Zero Hora, durante esses 30 anos, teve um itinerário acidentado no início - como aconteceria com qualquer órgão que nascesse naquelas circunstâncias - e hoje se firma como um dos grandes jornais brasileiros.

Já se disse - e é da historia - que o jornal é o repositório da civilização. Há quase 200 anos essas folhas circulam impressas com os acontecimentos diários, que servem aos historiadores de preciosos subsídios para o levantamento da história da humanidade. Mas também tem-se em conta que o jornal é como se fosse o espelho da sociedade. Este espelho tem que ser de vidro plano, porque se for convexo ou côncavo deformará a idéia da sociedade. A Zero Hora me parece que tem sido - ou tem procurado ser - esse espelho liso que reflete a sociedade como ela é, com suas perfeições e suas imperfeições. É claro que esse espelho também tem as suas imperfeições porque manejadas por mãos humanas, mas o que quero dizer é que Zero Hora tem, ao longo destes 30 anos, contribuído para a difusão, o aperfeiçoamento, a solidificação do processo democrático entre nós, este é um dos seus principais objetivos. Recordo com muito carinho a idéia do Maurício criando este jornal, ele que era homem de rádio e de televisão, mas só o engenho do Maurício não seria capaz de trazer a Zero Hora até o ponto em que ela chegou. Precisou também do engenho e da arte de centenas de jornalistas que, elevando o seu profissionalismo ao grau externo, contribuíram com seu trabalho para que o jornal chegasse até agora, e é essa plêiade de gente, de seres humanos que vai continuar levando este jornal, claro que com a direção orientando todo o processo econômico do jornal.

Temos que distinguir as duas coisas, uma é o órgão econômico do jornal, outra coisa é o órgão informativo do jornal. Da Zero Hora, durante esses 30 anos, tenho as mais gratas recordações. Muitas vezes me vi refletindo em suas páginas, nos instantes bons e maus da minha vida e da vida da sociedade em que estava inserido, mas isso são contingências da história. Desejo que se possa comemorar a cada ano um novo aniversário da Zero Hora com o mesmo ânimo, satisfação com que tem tido sua direção e com o cuidado com que seus jornalistas fazem deste jornal hoje uma expressão jornalística nacional. Meus parabéns! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE: O Sr. Pedro Américo Leal está com a palavra.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Exmo. Sr. Presidente da Casa, Srs. homenageados, autoridades presentes, meus colegas, perdoem-me não citar um por um. É que fui surpreendido, não fui informado, ou não me informei, esperava uma Sessão Solene e falo em Grande Expediente, portanto falo em menor espaço de tempo.

Zero Hora - 30 anos. “Senna enterra numa curva o coração do Brasil!” Capa de Zero Hora, segunda-feira, dia 2 de maio. Retratava a consternação que envolvia seus leitores e, por que não dizer, todo mundo, desanuviando-se, pouco a pouco, pela ação inexorável do tempo, anestésico humano para as dores do afeto.

Queiramos ou não, o jornal sistetiza o que o povo pensa e sente, transmitindo na técnica jornalística todo o transbordamento da alma. Um jornal é, principalmente gente, dizia, ou melhor, confidenciava-nos Maurício Sirotsky, não só a nós, mas a todos os outros.

No 6º dia desta mesma semana de maio, duas fotos circundadas por tarjeta preta, de Ayrton Senna e de Mário Quintana, retratavam uma dupla dor que se abatia sobre todo o Rio Grande. Abaixo, quase no rodapé, a poesia do menos célebre, falando por todos nós, transcrita em Zero Hora: “Quando eu for, num dia desses, poeira ou folha levada, no vento da madrugada, serei um pouco do nada...” Só tristezas? Dores? Não! Hoje não! A capa de Zero Hora de hoje, no décimo primeiro dia de maio quando a Câmara Municipal homenageia este jovem jornal de 30 anos, deparamos, surpreendentemente, com um convite a alegria: ao fundo o Arco do Triunfo, lá no Champs-Elysées, duzentas mil pessoas, gente sem nome, assistindo a lua tentando encobrir parte do sol. Por quê ? Ninguém sabe. Mas ela veio. Talvez para anular tanta desgraça, tanta dor. Afinal de contas, que fase evolutiva jornalística cumpre e atravessa um jornal? Os senhores são capazes de me dizer?

Vive o jornal Zero Hora, sua infância, sua adolescência, ingressa na maturidade, ansiando uma terceira idade jornalística, ou quem sabe é um pré-adolescente audacioso repleto de sonhos? Que idade jornalística hoje reverenciamos na Zero Hora. Claro que esta avaliação é expressada pela qualidade da matéria produzida inutilmente na busca da perfeição da eternidade.

O Brasil nunca tinha sido descoberto e Guttemberg, ao imprimir sua bíblia, com tipos móveis de metal, imaginava o que resultaria de sua descoberta? Claro que não! As traquinadas eletrônicas dos grandes veículos que jamais o tipo itálico seria capaz de viabilizar, foram surpreendentes. Mas deixemos os conteúdos para trás; hoje comemoramos trinta anos do rebanho mais moço dessa família RBS e, talvez, o mais testado.

Uma personalidade pessoal ou coletiva só se apruma e cresce através do esforço, da luta, da qualidade daquilo que produz, do respeito por quem alicia, que atinge dentro e fora dos seus muros. Nos testes e as provas duras, enfrentando, por vezes, a fatalidade. E a família RBS, no seu cerne, em suas origens, sabe disso. “Suor e lagrimas é o que vos posso prometer.” Disse o homem gordo, do charuto que, certa feita, numa ilha cercada e bombardeada, enfrentava profissionais de guerra. Sentimos, Zero Hora. E sentir é ter vivido, ter sofrido, vencido ou até perdido juntos! Dos trinta anos comemorados hoje, treze anos colaboramos, semanalmente, nas páginas de Zero Hora. Centenas de artigos, de 1969 a 1982.

Destacamos um dos artigos, Casa cheia. Teve, como estímulo, a angústia de ver o recinto das oficinas de Zero Hora queimado, na noite de 28 de março de 1973, se não me engano. Redação destruída, ares de circulação atingidas, oficinas imobilizadas, pareciam abater aquele que pretendia ser, um dia, um gigante e ameaçando não atingir mais o seu público. O lugar em que trabalhamos, sempre digo, não obstante todas as críticas, é o nosso navio, nosso barco, nossa alma! Recordo-me daquela madrugada, diante da perplexidade de todos, face a fúria de elementos.

Repentinamente sem comando, uma equipe de profissionais mobiliza-se e, sabemos lá como, são refeitos textos, programadas matérias que não sabiam onde se encontravam e, da roupagem impermeabilizante da vontade dos mais simples, do Maurício, veio a reação. Naquela madrugada, Zero Hora atingia sua maioridade noticiava o seu torpediamento, e não o seu naufrágio. Manchete de capa: “INCÊNDIO NÃO PAROU JORNAL”. Multidão de anônimos construíram, nesta quase fanfarronice, o brado de sustentação do atual futuro. Zero Hora tinha obtido o respeito jornalístico de sua equipe - e nós estávamos juntos. Nosso artigo daquele domingo que, infelizmente, não enontramos entre nossos guardados, pois, confessamos, não somos dos mais organizados - o Dib sabe disso - era: “Casa Cheia”. Tentávamos dizer o que significou o comparecimento de todos naquele momento difícil, de gente que até atrapalhava. O possível velório de derrota transformava-se numa empolgante reação de um time que, pegando a bola nos fundos das redes, à la Paulo Sant’Anna, colocava no centro do campo e atravessava a área rumo ao adversário, pelo menos, para o empate. Foram centenas, milhares de pequenos pássaros, transportando com solidariedade a água para trabalhar no rescaldo do fragoroso incêndio.

“Casa Cheia”! Se não reencontramos o artigo, revivemos, no arquivo da lembrança, a expressão grave do Grande Capitão Maurício Sirotsky, firme, apontando rumos, buscando conter as lágrimas.

Nove anos atrás, na retaguarda desta ocorrência, no 4 de maio de 1964, nascera Zero Hora, lá na Sete de Setembro, sucedendo a Última Hora. O modesto jornal, conduzido por Maurício, por Jayme, por Fernando Ernesto chegou até aqui, trazido também por milhares de funcionários, a quem saúdo na pessoa de Paulo Sant’Anna. Seus companheiros da linha de frente.

Em 1969, já conquistara instalações próprias, logrando, em 1971, a façanha de circular em tablóide, todos os dias da semana. Isso empolgava, animava e, repentinamente, tudo para reconstruir! E foi feito!

Maurício tinha predileção pela Rádio. Foi-se sem conseguir alcançar o seu grande sonho: voltar a dirigir um programa na Rádio Gaúcha. Lembra Nelson? Era o seu grande sonho. E bastava que ele mandasse, que se faria, mas ele nunca mandava.

Nesta rádio que, certa feita, reuniu em um só programa, enorme audiência, a Hora da Verdade, três membros desta Casa: Dercy Furtado, este que vos fala e Paulo Sant’Ana - não sei se conhecem, este mesmo que, em decisão sofrida, ouvido Dr. Paulo Rebelato, termina seu calvário de indecisão e ingressa no dia de agonia, renunciando antes de ser eleito. Era um verdadeiro mágico. Maurício não nos dizia, confessava nas entrevistas que tinha fascínio pela televisão, mas confidenciava o respeito e a importância que atribuía à comunicação escrita. Nela, dizia ele, reside a perenidade da informação. O noticiário do jornal continua circulando, mesmo embrulhando gêneros alimentícios.

Se propalamos a compenetração com sua obra que seus funcionários, descendentes, conservaram e ampliaram é porque era, também, preocupação do Grande Capitão, como o chamava.

 Ao recebermos o jornal de domingo repleto de cadernos, parecendo insuficiente o tempo que dispomos para lê-lo, recordamos, pelos idos de 1976-1978, de seus desabafos. “Leal, a folha já vai a quase quatro mil - e o Jayme se coça, porque era ele quem pagava. São todos dependentes da nossa capacidade em fazer uma boa imprensa, de vender, triunfar; são nossas famílias. Quando penso nesta responsabilidade, me preocupo, quase não durmo.” Isso nos disse mais de dez vezes.

Ele se foi deixando uma obra planejada. Aí estão Jayme Sirotsky e Fernando Ernesto, a velha guarda. Aí estão novas aquisições, jornalistas da melhor qualidade do Rio Grande, trazidos de outros Estados. Aí estão Nelson Sirotsky, Carlos Melzer, Marcos Dvoskin, Pedro Sirotsky, a nova guarda!

Em plena era da informática. De lá para cá, Zero Hora não tem parado de se aperfeiçoar. Cursos de toda a espécie, dentro e fora do País. Na retaguarda, Ivone Pacheco Sirotsky, a memória da RBS. Como testemunha do reconhecimento, esta torcida imensa, que através da ovação, do crédito, colocou Zero Hora como o 5º jornal do País. Órgão conceituado pelo povo, que mais lê: o gaúcho. No Dia das Mães, um concerto granfino foi ofertado. Não entendo. Concerto, por quê? Jogo de futebol, sim! Concerto é muito refinamento, mas gostei, até porque foi perto da minha casa.

É cultura, pois o jornalista é um misto de parlamentar e de professor. O jornalista é um parlamentar frustrado, e o parlamentar, é um jornalista frustrado. Um queria ter a atividade do outro. Alguns conseguem as duas, mas somente no gênio de Paulo Sant’Ana.

O Jornal entregue nas ruas, nas bancas, encerra copiosa matéria, mais do que uma aula, por vezes até um programa de governo. Nenhum professor instrui, inova, forma opiniões como o jornalista o faz. Daí haá de vir a seriedade com que se deve tratar a questão. Fazer sempre, cada vez mais, um bom jornal. É essa a grande missão que se atribui a Maurício Sirotsky. Ele sabia disso. Ele transmitiu aos seus filhos, e recebia o magnetismo do seu irmão, do Fernando Ernesto, seu grande amigo das horas difíceis. Tudo o que hoje ressaltamos, nem era preciso falar, pois já está plenamente sabido. Vossas Senhorias mereciam uma Sessão Solene. Não sei se a culpa há de ser dos senhores ou da Casa por não ter tido. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Maria do Rosário está com a palavra.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: (Saúda os componentes da Mesa.) Todos nós Vereadores desta Casa, somos chamados no dia de hoje a pensar e homenagear um jornal, que é parte de nossa vida, do nosso cotidiano, como cidadãos dessa Cidade, e é parte da vida de todos nós que vivemos aqui e que nos orgulhamos, imensamente, de vivermos Porto Alegre. Não é um instrumento qualquer, mas de fato um instrumento vivo, que reflete o cotidiano, a vida das pessoas.

Se formos pensar na relação que se estabelece entre um instrumento com o poder de penetração de um jornal na sua relação com a sociedade certamente que não vamos saber até onde a sociedade forma o jornal ou se seu próprio jornal vai formando a opinião da sociedade e articulando a sociedade. É uma relação muito próxima, muito direta e muito viva, na qual certamente, a dimensão se perde por ser, esta, uma relação muito direta. Parece-me que os oradores que ocuparam esta tribuna, destacaram os momentos e as contribuições principais desse instrumento de comunicação: o jornal Zero Hora.

 Eu também quero fazer um destaque. O destaque que faço, Senhores, é que, a nossa ação legislativa, o jornal Zero Hora tem estado presente cotidianamente. Muito particularmente, nós trabalhamos na Comissão de Constituição e Justiça desta Casa, encaminhando à sociedade, denúncias que esse instrumento, o jornal Zero Hora vem fazendo. Em 1991, Carlos Wagner e Nilson Mariano trabalham, denunciam, chamam a atenção de toda a sociedade gaúcha para a situação da prostituição infanto-juvenil e colocam, cruamente para nós todos, uma realidade da qual não podemo-nos orgulhar, e mais, precisamos, como autoridades, enfrentar.

No ano passado, nós abraçamos, nesta Casa, aquelas reportagens e enviamos para o Congresso Nacional, onde ocorria uma CPI, denunciando a situação da prostituição infanto-juvenil, que não considerava os dados do Rio Grande do Sul. E, a partir, justamente, das reportagens do Wagner e do Mariano, nós conseguimos incluir o Rio Grande do Sul nessa pesquisa realizada pelo Congresso Nacional e podemos dizer que as autoridades gaúchas estão sendo chamadas, cada dia, a assumir a responsabilidade de cobrir a violência contra a criança e o adolescente e o abuso de autoridades que se promove sobre essas crianças, por todos os órgãos e por parte dos adultos, por parte dos agenciadores, por parte de pessoas que não têm respeito à vida. Este é o destaque que eu gostaria, muito singelamente, de fazer e dizer a vocês que neste momento em que os homenageamos pelos trinta anos, não poderíamos deixar de lembrar, assim como nossos colegas, as pessoas que fazem parte desta empresa: os jornalistas, mas também, os jornaleiros, os entregadores, os motoristas, as pessoas que servem cafezinhos, todas as pessoas que são parte dessa empresa, e que nos parece, merecem o nosso respeito, o nosso abraço, porque são parte desta história de trinta anos, são parte desse viabilizar da informação, dela chegar em todas as nossas casas, é aquele grito da Zero Hora no fim de semana, é aquela reportagem, mas certamente é a dedicação dos profissionais.

O PC do B, o Partido que represento nesta Casa tem um apreço muito grande pela liberdade de informação, pela liberdade de imprensa. E esse momento, ao fazermos a nossa homenagem queremos renovar a nossa compreensão de que a mais ampla liberdade, a possibilidade de todos os segmentos poderem-se expressar livremente dentro da sociedade é a forma mais viva de nós construirmos uma sociedade democrática, fundamentalmente democrática na sua vida política e nas suas realizações econômicas e sociais. Parabéns, novamente. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Jocelin Azambuja, em tempo que lhe cede o Ver. Henrique Fontana.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: (Saúda os componentes da Mesa.) Agradeço ao Ver. Henrique Fontana a cedência do seu tempo, para que pudéssemos neste momento em nome do PTB prestar esta homenagem ao Jornal Zero Hora, aos seus trinta anos de luta, de trabalho de serviços prestados a nossa comunidade.

É importante que se reflita profundamente sobre o dever da imprensa, sobre a responsabilidade que um jornal tem para com uma comunidade, para com o Estado e o País, principalmente num momento difícil da vida nacional, nas relações políticas e sociais, num momento de reflexão verdadeira e profunda de que futuro teremos. E a responsabilidade dos Senhores aumenta a sobremaneira, porque sem dúvida nenhum, hoje, os meios de comunicação têm a grande responsabilidade e influência nas grandes massas populares, têm um grande poder de decisão que nenhum de nós desconhece, que é capaz de fazer grandes homens ou destruir grandes homens são responsabilidades que hoje os meios de comunicações têm. E a Zero Hora pela sua qualidade, pela sua competência, pelo seu trabalho jornalístico, tem também, e tem consciência, tenho certeza, dessa profunda responsabilidade com essa sociedade.

No momento em que nós estamos vivendo num processo autofágico, até, de destruição da classe política, nós temos que raciocinar e lembrar à sociedade. E esse processo de reflexão democrática que o Jornal Zero Hora tem feito é importante para alertar à sociedade, que não existe sociedade sem o poder político. Não existe sociedade que cresça sem a discussão, sem a efervescência, sem a mobilização dos diversos segmentos, a troca de idéias, a troca de opiniões, a confrontação que é tão importante.

Mas nós precisamos neste momento, mais do que nunca, usar a Zero Hora, usar esse instrumento de comunicação para que realmente possa ajudar a apontar à sociedade os caminhos corretos, os caminhos ideais, a valorização dos verdadeiros homens públicos, a valorização dos políticos corretos, os homens públicos que prestam serviços diuturnamente ao seu País, de saber valorizá-los também, assim como quando eles errarem saber crucificá-los. Mas também saber colocá-los no lugar devido. Isso faz parte de um processo, de um conjunto da sociedade. E que, lá, no Jornal como expressão de comunicação desta sociedade deve fazê-lo e o faz permanentemente.

E é importante que o povo, que a sociedade tenha esse espaço aberto, seguro, de que lá no Jornal Zero Hora ela terá o espaço para refletir o seu pensamento, para dizer o que pensa, para fazer a sua reivindicação, para ter respeitado o seu direito. Isto para nós, Senhores, é importantíssimo, essa reflexão da responsabilidade. E sei que muitas vezes os Senhores nas suas reuniões de diretoria, nas reuniões com os editores discutem e debatem os caminhos editoriais, os caminhos que a empresa deve seguir e deve refletir sobre os momentos da sociedade e aquilo que realmente deverá ser dito ao povo. Tenho certeza de que é uma grande responsabilidade e de que em muitos momentos os senhores devem ficar profundamente angustiados sobre aquilo que vão colocar nas páginas da Zero Hora, assim como nós ficamos angustiados quando recebemos nesta Casa, como representante do povo, o clamor do povo, as exigências, os pedidos de desenvolvimento, de crescimento, de expansão da nossa Cidade, de evolução, num processo forte e desejoso desta sociedade de querer avançar, de deixar de ser subdesenvolvida, de deixar de matar os seus filhos de fome, de deixar de ter que fazer campanha de fome e de miséria, de poder dar dignidade a esse povo, de poder dar a todos um salário realmente justo que os possa fazer viver com dignidade, que os possa fazer viver num processo de cidadania de fato.

Tenho certeza de que, ao longo dos anos, o Jornal Zero Hora tem procurado dar essa contribuição, num processo constante com a sociedade, com erros e com acertos, porque fazem parte da natureza humana, mas procurando sempre ter ali um processo permanente de um espaço aberto à sociedade para que ela possa realmente se manifestar. É nesse crescimento, nessa busca, nessa ânsia, nessa angústia dessa sociedade que o jornal vai refletindo pouco a pouco, no seu dia-a-dia, esse sentimento. Neste momento, em que procuramos, aqui, de uma forma simples mas sincera, prestar uma homenagem a essa empresa, a esse veículo de comunicação que tanta responsabilidade tem com a Cidade de Porto Alegre e com o Estado do Rio Grande do Sul, queremos dizer, um pouco, do sentimento, da relação de responsabilidade do veículo de comunicação com a sociedade e conosco, representantes deste povo. Isto é importante.

Os senhores foram homenageados no Congresso Nacional e na Assembléia Legislativa, porque estão de fato cumprindo com a missão. Mas muito mais a sociedade espera e quer dos senhores. E o processo democrático que se instaura no País lhes propicia cada vez mais isto, lhes dá condições cada vez mais de formar realmente uma base de uma sociedade democrática, de ajudar a construir esta sociedade democrática, de ajudar a construir esta sociedade livre, de ajudar realmente a construir uma sociedade digna de todos os gaúchos e de todos os brasileiros. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Sr. Nélson Pacheco Sirotsky, Diretor Presidente da RBS, está com a palavra. Ele falará em nome da Zero Hora.

 

O SR. NÉLSON PACHECO SIROTSKY: (Saúda os componentes da Mesa.) Eu confesso que, como alguns dos senhores na tarde de hoje, também fui surpreendido com esta oportunidade de agradecer em nome da Zero Hora, em nome da Rede Brasil-Sul, esta manifestação, esta homenagem da Câmara Municipal de Porto Alegre.

Nós estamos encerrando na nossa Cidade, a nossa Casa, um ciclo de homenagens que a Câmara dos Deputados, e a Assembléia Legislativa do nosso Estado, fizeram para a Zero Hora, para a RBS, e que nos trouxeram muita emoção. Em nenhuma das outras homenagens, por uma questão protocolar, nós fomos chamados a fazer o agradecimento, em nome da nossa empresa. E, para a minha surpresa, e confesso, alegria, a Câmara Municipal de Porto Alegre abre um espaço para que nos pronunciemos, mesmo de uma maneira improvisada, e, correndo o risco do improviso, nos pronunciemos no sentido de estabelecer a nossa gratidão a Porto Alegre, a nossa comunidade, ao Estado do Rio Grande do Sul, ao País, por essas homenagens decorrentes das celebrações que estamos fazendo aos 30 anos do Jornal Zero Hora. E o faço por sentir-me na nossa Cidade. É em Porto Alegre, aqui na Av. Ipiranga, que diariamente Zero Hora transforma informação em jornal, transforma a informação em notícia. Diariamente, aqui na Av. Ipiranga, a poucos metros de onde estamos, Zero Hora leva vida aos porto-alegrenses, aos gaúchos e aos brasileiros. É aqui na Av. Ipiranga que diariamente um conjunto importante de colaboradores, de profissionais, administram, cada um a sua tarefa, com o objetivo complexo de cedo, nas madrugadas, viabilizar a entrega por nossos humildes entregadores, por nossos jornaleiros, a entrega de parte da história aos porto-alegrenses, aos gaúchos e aos brasileiros.

Ver. Nereu D’Ávila, muito obrigado por ter proposto essa homenagem. No seu pronunciamento o senhor teve a felicidade de fazer um retrato da história dos 30 anos da nossa Zero Hora. Trinta anos que fazem com que cheguemos nesse maio de 94 como um dos mais importantes jornais do País, o jornal editado aqui na Av. Ipiranga. O jornal que circula com 170 mil exemplares nos dias de semana; com 270 mil exemplares aos domingos. Um jornal que com essa posição alcançou a extraordinária posição de ser o quinto jornal brasileiro em circulação, superando inclusive, alguns títulos editados no Rio e em São Paulo. Um jornal que se projetou no nosso Estado, um jornal que tem o reconhecimento nacional e internacional, para o orgulho de todos nós da RBS. Muito obrigado Ver. Nereu D’Ávila, por sua manifestação e por ter proposto essa homenagem.

Zero Hora tem procurado ter, a exemplo dos demais veículos da RBS, um processo permanente de relacionamento com a sua comunidade, vinculação essa que procuramos aperfeiçoar e amadurecer no nosso dia-a-dia. Vera. Clênia Maranhão, sua singela mensagem recolhemos como mais um fator positivo, para buscarmos permanentemente esse processo de aperfeiçoamento, de integração com a nossa comunidade. Porque é exatamente a partir daí que teremos condições de construir e de continuar construindo uma das bases de nosso ideário, a vinculação com a comunidade. Um jornal só é verdadeiro se realmente estiver integrado de uma maneira definitiva com a sua comunidade. Comunidade esta, aliás, que detém, Ver. Elói Guimarães, o poder do jornal. O poder de um jornal não pertence só aos seus proprietários ou aos seus editores; o poder de um jornal sério pertence a sua comunidade, pertence aos seus leitores, àqueles que diariamente se informam a partir dele.

É esse o nosso princípio: o poder não é nosso, o poder, com certeza, com convicção, mesmo dentro de uma complexidade de fazer um jornal, é dos nossos leitores. E por isso usamos em nossas campanhas, por isso alertamos a nossa comunidade de que o verdadeiro dono do jornal é o seu leitor. Isso não é teoria na RBS, isso não é teoria em Zero Hora; é prática do dia-a-dia, é prática do nosso cotidiano. Transferir esse poder aos leitores e fazê-lo com ética é o nosso desafio permanente, Ver. João Verle. Ética, único caminho capaz de dar credibilidade a um veículo de comunicação; único caminho capaz de construir uma história verdadeira de um povo. Ética, Ver. João Verle, que diariamente, ao longo desses anos, temos procurado desenvolver de uma maneira definitiva, pragmática, forte, positiva, pois entendemos ser esse o único caminho viável para construirmos um jornal que possa ser disputado pelos leitores, Ver. Isaac Ainhorn, e diariamente multidões de gaúchos passam por esse exercício, fazendo parte do nossa vida. Nós procuramos resolver esse exercício, sugerindo que os leitores comprem mais de um jornal.

Há a prática real de os leitores dividirem o jornal, por seus níveis de interesses. A mulher, o filho, o pessoal interessado por um determinado assunto, pegando seu caderno de preferência; os interessados pelos anúncios, pegando o caderno de classificados do fim-de-semana, aqueles interessados pelo esporte pegam o caderno de segunda-feira, etc. Este é o exercício permanente que procuramos oferecer aos nossos leitores, não apenas de Porto Alegre, e do Rio Grande do Sul, Ver. Isaac Ainhorn, mas também aos nossos leitores de São Paulo e do Rio de Janeiro, em mais de cem bancas que distribuímos Zero Hora, tendo muito prazer em informar aos seus amigos, onde encontrar o nosso jornal em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Esta tem sido a prática e a idéia de aperfeiçoamento de Zero Hora, ao longo de seus 30 anos, num processo permanente, de busca do aperfeiçoamento, da melhoria e do desenvolvimento. Esta tem sido, meu caro amigo Jair Soares, uma constante de todos aqueles que têm compromisso de fazer parte da história desses trinta anos. Esta relação comunitária forte, já referida, com assuntos concretos, permanentes, abrindo os espaços de Zero Hora, dos veículos da RBS, para aquelas campanhas que, efetivamente, possam representar uma contribuição efetiva à melhoria da qualidade de vida de nossa gente, de nossa Cidade, de nosso Estado e o nosso País. Para que possamos ser mais do que um espelho liso, Ver. Lauro Hagemann, para que sejamos verdadeiros olhos sadios da realidade de nosso ambiente, para que retratemos esta realidade como ela é, às vezes dura, difícil, alegre e triste. Mas este é o nosso desafio. Mais do que um espelho, olhos para retratarmos com a fidedignidade que os olhos oferecem: os fatos que, realmente, acontecem no nosso dia-a-dia.

Para retratarmos com emoção, caro amigo Pedro Américo Leal, emoção de retratar fatos tristes como a morte de Ayrton Senna, como a morte de Mário Quintana; retratar fatos alegres como as nossas conquistas esportivas, fatos alegres como o nosso desenvolvimento, as possibilidades de nossos desenvolvimentos, as conquistas de um, a conquista de outro.

Este é o grande papel que um jornal também precisa cumprir: ser emotivo, porque ele leva a vida e vida sem emoção é vida sem graça. E Zero Hora procura, ao longo desses anos, neste processo de aproximação com a comunidade, Zero Hora procura fazer um jornalismo verdadeiro, vibrante. Mas sobretudo, um jornalismo emocionante, que até explique, um concerto com o povo, com a comunidade, feito a praça pública; reunindo mais de quarenta mil pessoas; trazendo para a convivência do povo a música clássica. Misturando à música clássica o nosso grande Borghetinho; e fazendo num espetáculo inédito, que esta Cidade jamais viu, de fogos de artifício, a celebração da alegria de comemorar 30 anos em maio de 1994. Fazer de um jornal um instrumento no benefício de sua comunidade. Exercício permanente e constante que procuramos e temos certeza estamos fazendo.

 Procuramos realizar no nosso dia-a-dia, Vera. Maria do Rosário, estar próximos das grandes causas. Abrir os espaços mesmo que sejam espaços sufocantes, difíceis, como o de mostrarmos para a sociedade a triste realidade de nossas menores de rua, das prostitutas que andam por esta Cidade, mesmo o espaço duro e difícil de mostrar os meninos que moram dentro dos bueiros na nosso Cidade. Mas fazer desta informação que o jornal leva à comunidade um instrumento positivo é, na nossa visão, uma responsabilidade dos nossos veículos de comunicação e do jornal, de uma maneira particular. E por isto a nossa atitude, a nossa crença de estarmos cumprindo com esta faceta de fazer jornalismo responsável e sério, e nos projetarmos para o futuro com a mesma responsabilidade, com a mesma convicção com que foi possível construir a Zero Hora nesses seus primeiros trinta anos.

Eu comecei dizendo aos Senhores que estava aqui correndo o risco de falar de improviso, mas estava à vontade por estar me sentindo em casa. E, por estar me sentindo em casa, gostaria de fazer uma manifestação que normalmente só faço na nossa casa, na Av. Ipiranga, nossa residência, no nosso local de trabalho e de convivência.

A Zero Hora foi fundada em 4 de maio de 1964, por um grupo de jornalistas, liderado por Dante Laytano. Em 1970, meu pai, Maurício Sirotsky Sobrinho, já comandando e liderando um grande projeto de comunicação no nosso Estado, assumiu com seus companheiros o controle e o comando do jornal Zero Hora.

É indiscutível que, a partir da integração de meu pai ao jornal Zero Hora, deu o passo largo, o passo forte de sua projeção para o futuro. É absolutamente normal, e todos nós recolhemos, com emoção, com orgulho, com saudade, todas as manifestações positivas que são apresentadas, colocadas em momentos de homenagens como este, à figura de Maurício Sirotsky Sobrinho. Todos nós reconhecemos com a comunidade, reconhecemos como as instituições, reconhecemos como os Senhores a grandeza que representou Maurício Sirotsky Sobrinho no panorama empresarial e das comunicações do nosso Estado.

Indiscutivelmente, foi a partir da visão de meu pai que nós pudemos chegar onde chegamos. Mas, a visão de meu pai não se limitava à visão de fazer jornalismo, de fazer comunicação e desenvolver um trabalho sério no seu dia-a-dia. Meu pai era uma pessoa que acreditava, como ninguém que eu conheça, nas pessoas. Que acreditava nos seres humanos.

Desde o primeiro momento de sua caminhada profissional, ele teve com clareza essa visão e essa crença no processo de concretização das suas realizações. E foi conseqüência dessa clareza e conseqüência dessa visão que meu pai, logo no início da nossa jornada, convidou seu irmão Jaime Sirotsky para, com ele, tocar para frente o Projeto RBS. Foi com essa visão e com essa clareza que, desde o primeiro momento, meu pai convidou Fernando Ernesto Correa para juntar-se ao grupo dos três para, em conjunto, construírem o que é hoje a nossa Rede Brasil-Sul de Comunicações. O Jaime, o Fernando Ernesto e muitos outros companheiros da Rede Brasil-Sul têm tantos méritos quanto Maurício Sirotsky Sobrinho na construção dessa jornada.

E eu tenho a modéstia de dizer aos Senhores que, talvez, eu seja a única pessoa que possa dizer isso publicamente: Maurício foi o grande construtor da Rede Brasil-Sul, mas o projeto da RBS transformou-se num projeto vitorioso graças à capacidade de Maurício de reunir um grupo de homens do quilate de Jaime, do quilate de Fernando Ernesto e de tantos outros.

Como eu digo que estou em casa, e falando coisas que, talvez, só devesse falar em casa, permito-me também fazer um registro a um desses companheiros de muitos anos da RBS, refiro-me ao Marcos Dvoskin, que, ao longo desses 30 anos, tem 23 de acompanhamento diretamente na Zero Hora. O Marcos que é hoje nosso Vice-Presidente da Rede Brasil-Sul. Tenham certeza os Senhores, tenha certeza a comunidade de Porto Alegre e do nosso Estado de que a Zero Hora de hoje é muito conseqüência, também, do trabalho de homens como o meu querido companheiro Marcos Dvoskin. Mas são inúmeros os colaboradores que mereceriam ser citados quando celebramos e recolhemos a manifestação de homenagem da comunidade ao nosso jornal, muitos deles, infelizmente já não se encontram entre nós.

Se eu pudesse homenagear os jornalistas que fizeram Zero Hora e infelizmente não estão mais entre nós, a figura que me ocorre é do saudoso Carlos Nobre, grande jornalista que na última página de Zero Hora trazia humor no nosso dia-a-dia e levava alegria para a sua imensidão de leitores. E, na figura do Nobre, quero homenagear todos aqueles jornalistas que já não estão mais conosco, mas que com certeza muito contribuíram para que o nosso jornal chegasse aos trinta anos com tanta maturidade e com tanto reconhecimento. Ao Nobre vários outros companheiros se sucederam.

Na área do humor preciso citar o nosso Marco Aurélio, chargista de Zero Hora; também levando humor o nosso Sampaulo, que também há muitos anos leva a sua contribuição ao jornal Zero Hora. Ao longo do tempo todos nós aprendemos a conhecer e admirar um dos jornalistas mais importantes de Zero Hora, o meu querido amigo Paulo Sant’Anna, que também simboliza muito bem a garra, a vontade e o esforço sobre o qual nós estabelecemos a base para construir a Zero Hora desta época. Paulo Sant’Anna, que renunciou antes de eleger-se em nome de sua grande paixão pelo jornalismo, da sua grande paixão por Zero Hora. Perde o País a possibilidade de ter um grande Senador, continuam ganhando os leitores, os verdadeiros proprietários do jornal a oportunidade de terem no seu dia-a-dia o contato diário com jornalistas como Francisco Paulo Sant’Anna.

Inúmeros outros companheiros deveriam ser citados ao celebrarmos e ao recolhermos a manifestação dos Senhores na homenagem que fazem aos trinta anos de Zero Hora.

Preciso, antes de finalizar, lembrar Lauro Schirmer, uma das bases da construção desse jornal. Preciso lembrar Carlos Felberg, que hoje ocupa uma posição extremamente importante, dirigindo o nosso jornal Diário Catarinense, em Santa Catarina. Preciso lembrar o nosso companheiro Augusto Nunes, Diretor da Redação de Zero Hora que, liderando um conjunto de profissionais, procura desenvolver esse processo permanente de aperfeiçoamento do jornal, para que o jornal possa cumprir no seu dia-a-dia o desafio de realmente pertencer aos seus verdadeiros donos, os seus leitores. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente desejo fazer um Requerimento. Gostaria que fosse entregue, depois, ao Sr. Nelson Sirotsky uma pasta com os dez pronunciamentos dos Vereadores, e o magnífico improviso que ele fez aqui, do qual ele até se desculpou, mas foi realmente magnífico. Meus cumprimentos.

 

O SR. PRESIDENTE: Está registrado. Adotaremos providências neste sentido.

Queremos registrar que a Mesa da Câmara Municipal de Porto Alegre recebe telegrama do Dep. Caio Riela; Presidente da Comissão de Assuntos Municipais cumprimentando a Zero Hora pela passagem do seu trigésimo aniversário, desejando-lhe sucesso. Passamos às mãos do Dr. Jaime Sirotsky.

 Antes de finalizarmos esta parte da Sessão, quero fazer um pequeno registro. Estava na casa do meu pai, no interior do Estado, interior de Encantado e numa manhã de domingo um senhor agricultor pediu uma carona para vir a Porto Alegre. Nós saímos bem cedo de lá. Ele, ao embarcar no carro começou a me contar uma série de informações, notícias do dia, dizendo que havia escutado aquilo através da Zero Hora. Eu perguntei de quando era aquela Zero Hora, até porque era lá bem no interior. Ele me disse que a Zero Hora seria de hoje e que ele tinha ouvido no rádio aquelas informações. Então, na minha visão, entendo que também lêem a Zero Hora aqueles que ouvem rádio no Rio Grande do Sul. Nossa homenagem, nosso abraço a todos os senhores, parabéns à Zero Hora, a sua direção, a seus funcionários. Muito obrigado.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 16h20min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Airto Ferronato): Estão reabertos os trabalhos.

Passamos ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

Está inscrito o Ver. Guilherme Barbosa. Ausente. Próxima inscrita Vera. Helena Bonumá.

 

A SRA. HELENA BONUMÁ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores que acompanham a Sessão. Eu ocupo o Grande Expediente para fazer dois registros de assuntos importantes, que estão acontecendo no Estado do Rio Grande do Sul, nesse momento.

O primeiro deles, diz respeito ao descaso do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, em relação à prevenção da AIDS. É um problema de que todo mundo sabe a gravidade; um dos problemas que mais tem afligido a nossa saúde; uma epidemia que tem crescido muito no Brasil e no Rio Grande do Sul, também. Nós sabemos da importância do trabalho de prevenção.

Pois nós temos, Senhores, um Centro de Dermatologia Sanitária que faz o teste do HIV, e esse Centro paralisou as suas atividades, em relação ao teste, por falta de recursos, para poder manter esse exame que detecta o vírus do HIV, através do exame de sangue.

Nós recebemos do GAPA, e queríamos registrar a seguinte carta: (Lê.)

“Companheiros

Atualmente o Estado do Rio Grande do Sul, vive uma situação lamentável, pois o descaso das autoridades com a área da saúde é alarmante. Ocorre que a partir de 5 de maio o COAS do Ambulatório de Dermatologia Sanitária suspendeu o recolhimento de sangue para testagem do anti-HIV, pois a Secretaria de Saúde e do Meio Ambiente não repôs o estoque de Kits necessários para proceder a referida testagem.

Há algum tempo a capacidade de atendimento vinha sendo reduzida, na expectativa de que a situação se regularizasse. Como as medidas necessárias não foram tomadas, foi suspensa a testagem anti-HIV, caracterizando uma situação de completo descaso diante de uma epidemia tão grave.

Como se não bastasse isso, o Citômetro de Fluxo - aparelho que mede entre outras coisas o número de células CD4, e que somente entrou em funcionamento após pressão do GAPA/RS junto ao CES e SSMA - encontra-se em situação de abandono pois os Kits também não foram repostos. Medicamentos? Bem destes não se encontra sequer Bactrim, o assunto é mais antigo e bem conhecido.

Sendo assim, e por entendermos que a saúde, assim como o enfrentamento da AIDS é um compromisso de todos, buscamos apoio, solicitando que sejam enviados o mais breve possível fonogramas ou ofícios de protesto contra esta situação em que mergulha a saúde pública. A situação não permite que permaneçamos calados frente a tanta omissão, sob pena de nos tornarmos cúmplices.

As correspondências devem ser enviadas para SSMA/ Dr. Gilberto Barbosa - Av. Borges de Medeiros, 1501/6.º andar - CEP: 90110-150.

Contamos com o apoio de todos.

Solidariamente

Direção do GAPA/RS

Adelmo - Marcelo - Miriam

Aos companheiros de Porto Alegre, convidamos para manifestação que acontecerá dia 13 de meio, 6.ª feira, às 13 horas em frente ao Ambulatório de Dermatologia Sanitária do Estado, João Pessoa 1327.”

O GAPA analisa a situação e, por fim, convida a todos, para participarem da manifestação, que ocorrerá no dia 13 de maio, sexta-feira, às 13horas, em frente ao Ambulatório de Dermatologia Sanitária do Estado na Av. João Pessoa. Nós achamos que é importante o registro nesta Casa, porque nós sabemos da gravidade que é essa epidemia e sabemos da importância e da necessidade do trabalho de prevenção e acreditamos que, tanto os Vereadores como a Casa, como também a sociedade civil deve pressionar o Governo do Estado para que assuma a sua responsabilidade neste trabalho de prevenção da AIDS, aqui, no Estado do Rio Grande do Sul.

Frente a isso, estamos entrando, aqui na Casa, com uma indicação ao Governador do Estado, no sentido de que gere os recursos necessários para que esse atendimento, esse teste que é tão necessário para o trabalho de prevenção possa continuar sendo feito e sejam, imediatamente, reiniciadas as atividades que garantem o teste no COAS.

A segunda, e acho que todos leram na Zero Hora de hoje, a manifestação dos agricultores, que estão realizando em todo o País o “Grito da Terra Brasil” que reúne pequenos produtores, mulheres trabalhadoras rurais, agricultores sem terra. Há uma grande pauta de reivindicações que vai desde as questões relacionadas com a reforma agrária, ou seja, terra para plantar, terra para produzir, terra para manter os agricultores no campo, até os direitos relacionados à saúde, que os agricultores conquistam como a extensão do SUS – Sistema Único da Saúde, que conquistaram na lei, mas na prática ainda não tem garantido. Também a reivindicação do salário maternidade, que as mulheres já conquistaram na lei, mas que ainda não tem garantido.

Por fim, as reivindicações por crédito subsidiado para os pequenos agricultores. Nós sabemos que esse setor dos pequenos agricultores, dos sem terra é um dos setores mais organizados da nossa sociedade e eles são economicamente muito importante pela razão básica de que produzem alimentos.

Nós teremos falta de alimentos, porque, quando as pessoas neste País tiverem dinheiro para comprar comida, vai faltar comida, porque não tem quem produza, porque grande parte dos agricultores estão marginalizados no processo de produção, porque querem terra e não têm, querem crédito para produzirem e não têm, querem condições de comercialização e não têm, querem apoio do governo através de políticas agrícolas e não têm. Essa manifestação nacional do Grito da Terra Brasil tem esse caráter e os agricultores se reuniram, ontem, com o Governador do Estado que prometeu receber, hoje, uma Comissão na CORLAC. A CORLAC deve aos agricultores do Rio Grande do Sul, 4 milhões de litros de leite - de agosto do ano passado para cá -, conforme está na Zero Hora, e conforme relatório dos agricultores apresentado ao Sr. Governador. A promessa do Governador seria de que receberia os agricultores, hoje, para fazer uma negociação para o pagamento dessa dívida. Mas, hoje, o Governador não os recebeu. E o que aconteceu? Ele, não só não recebeu os agricultores, como a tropa de choque da Brigada Militar foi quem os recebeu, houve enfrentamento e alguns agricultores saíram feridos, ali em frente ao prédio da Receita Federal. Essa é a resposta que o Governo do Estado do Rio Grande do Sul está dando ao Grito da Terra Brasil; essa é a resposta que o Governo está dando a quem quer pagamento pelo seu produto produzido desde agosto do ano passado; que quer terra para produzir; para quem quer crédito para garantir a produção de alimentos na mesa do povo brasileiro.

Achamos que esta denúncia tem que ser feita aqui, porque é inadmissível que um setor que é fundamental para a sociedade, que produz alimentos, porque esse movimento é o que garante a cidadania dos agricultores; é o que garante que os agricultores se mantenham na terra, enquanto uma categoria produtiva, e não venham a se marginalizar nas cidades, trazendo uma série de problemas sociais para as cidades que vivem num drama social imenso; esses agricultores são recebidos desta forma pelo Governador Alceu Collares.

Registramos esta denúncia aqui; hipotecamos nossa solidariedade aos agricultores do Grito da Terra Brasil, e exigimos que o Governado cumpra com a sua função de homem público, de Governador do Estado do Rio Grande do Sul, sabendo trabalhar com outros instrumentos, com outros elementos, de uma outra forma, os problemas sociais que o nosso Estado, que o nosso País tem. Muito obrigada.

 

(Revisto pela oradora.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa informa que o Prefeito Municipal de Porto Alegre está viajando para a Cidade de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, no dia 13 de maio de 1994, às 7 horas, e estará retornando no dia 14 de maio de 1994, às 17 horas e 30 minutos.

A Mesa apregoa a Emenda assinada pelo Ver. Nereu D’Ávila, Líder do PDT, ao PR nº 016/94, que estabelece a conversão de vencimentos dos funcionários da Câmara Municipal de Porto Alegre em unidade real de valor - URV - e dá outras providências.

Requerimento, de autoria do Ver. Eliseu Santos, solicitando Licença para Tratamento de Saúde no dia 11 de maio de 1994. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. APROVADO. A Mesa declara empossado o Suplente Edi Morelli em substituição ao Ver. Eliseu Santos, nos termos regimentais, que integrará a Comissão de Saúde e Meio Ambiente desta Casa.

O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra.

 

O SR. GULHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Quero também trazer a minha voz de apoio à manifestação dos pequenos agricultores na luta por condições de trabalho, pois sabemos que são dessas propriedades, micro, pequenas e médias, que sai o alimento que vai à mesa da população brasileira e, contraditoriamente, não há financiamento para essas pessoas trabalharem e poderem diminuir a fome do nosso povo. Surpreendente é verificar que esses agricultores, na tentativa de terem uma audiência com os Ministros do Governo Federal, ao entrarem no prédio da Receita Federal, encontram, de tocaia, o batalhão de choque da Brigada Militar. E, numa relação, inclusive, que não é de se entender facilmente, porque são dois níveis de governo - federal e estadual, cuja a relação não é das melhores - o Governador se dispõe a colocar o batalhão de choque da Brigada de tocaia, dentro do prédio, para, assim que entrarem os agricultores, serem tirados de lá à base do cassetete, do escudo e do gás lacrimogênio. Foi o que vi. Estive lá e saí chorando.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu vi, pela televisão, outro quadro. Em primeiro lugar, não era o batalhão de choque que estava dentro; estava fora. Veio chamado, isso é um detalhe para refutar os seus argumentos. Alguém tem razão, mas essa razão não dá autoridade para que eles invadam um prédio da União. Onde estamos? Resolvo, então, fazer algo e faço, embora a lei não me permita?

 

O SR. GULHERME BARBOSA: Qualquer cidadão, de forma pacífica, como eles estavam fazendo, tem o direito de acesso a qualquer prédio público. O pelotão de choque estava dentro do prédio, escondido, esperando de tocaia, para agredir os agricultores. Isto é um fato. Se a televisão mostrou... Estamos acostumados a ver um fato e aparecer de outra maneira. A verdade é essa, Vereador. Procure informações, V. Exa. tem condições: eles estavam escondidos dentro do prédio para bater nos agricultores que entraram de forma pacífica no prédio.

Quero também trazer a minha voz de apoio ao Projeto encaminhado pelo Executivo Estadual à Assembléia Legislativa do Estado, solicitando autorização para contrair financiamento para construção da hidrelétrica de D. Francisca. É o último aproveitamento hidrelétrico do Rio Jacuí. Há muito tempo, desde 1978, havia o projeto de aproveitamento dessa hidrelétrica, e, agora, aprovado por unanimidade na Assembléia Legislativa, o Governo do Estado poderá iniciar daqui a seis meses, segundo se sabe, a construção dessa usina de energia elétrica, que vai trazer mais 125 megawattz de potência ao nosso Estado. Não é um potencial muito grande, é em torno de 7% daquilo que se consome, mas, de qualquer forma, vai diminuir a energia que compramos. Hoje, já compramos mais de 60% de energia que consumimos no Estado. Portanto, é importante que a CEEE aumente o percentual de energia gerado no Estado. É o tipo de parceria - essa usina vai ser construída através de uma parceria com a iniciativa privada - que eu pessoalmente defendo. O que vai acontecer é que um consórcio de empresas vai buscar os recursos e vai construir a usina e depois de trinta dias, depois de um mês, que a usina estiver funcionando, a CEEE começa a pagar em 96 parcelas a obra e o financiamento conseguido. Portanto, sem qualquer risco de privatização do setor de energia elétrica.

Há a necessidade muito grande de recursos por parte da empresa, então essa é uma forma elogiável. Quero trazer aqui o meu apoio a esse procedimento. Mas quero, também, no que se refere à Companhia Estadual de Energia Elétrica, dizer que, se por um lado temos esse encaminhamento positivo, por outro lado, está em andamento uma verdadeira loucura administrativa de reorganização da empresa.

A menos de oito meses do fim do Governo Collares, onde já tivemos seis presidentes na CEEE, sem condições de continuidade administrativa e sem condição nenhuma de se estabelecer planejamento de curto, médio e longo prazo, se tenta agora fazer modificações na estrutura da empresa muito fortes e muito significativas e sem qualquer explicação. Não há, da parte da direção da CEEE, neste momento, um estudo que demonstre o que se pretende com essas modificações. A diretoria da CEEE, composta de cinco diretores e mais diretor-presidente, é responsável por uma área da empresa, pois a primeira diretoria que foi extinta foi a Diretoria de Operações. É de se imaginar como uma empresa de energia elétrica pode deixar de ter uma Diretoria de Operações. Exatamente aquela diretoria que seria responsável pela manutenção da operação de abastecimento de energia elétrica em todo o Estado. Cometer-se um erro administrativo primário: passa a ser uma diretoria colegiada, no sentido de que todos os diretores vão cuidar de todos os setores da empresa. Isto é um erro primário.

O clima, hoje, dentro da empresa, é de total apatia, de completa paralisação. Não se sabe aonde vão levar essas modificações. Não houve nenhum estudo para mostrar o que significam essas modificações. E, além disso, a dizer que no dia 1º de janeiro de 1995 haverá um novo governo no Estado, muito dificilmente, vai ser um governo do PDT que está no Executivo agora, todos nós sabemos disso, e, portanto, vai também um caráter de falta de ética.

O governo que está saindo do Governo do Estado, sem nenhuma condição de continuidade, faz modificações profundas na estrutura da empresa. Deveria esperar, isto sim, o novo governo que virá, para este, se achar necessário, fazer modificações. Mas, é inadmissível que isto esteja sendo feito agora, da forma autoritária, sem discussão nenhuma, neste momento, de forma indevida. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. WILTON ARAÚJO (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro que seja invertida a ordem de votação da Redação Final do PLE nº 22/94.

 

O SR. JOÃO VERLE (Questão de Ordem): Quero fazer um comentário sobre este Requerimento, porque é preciso que seja aprovada hoje a Redação Final para que se possa fazer este pagamento na sexta-feira. É preciso que saia daqui hoje para amanhã ser publicado no Diário Oficial, ou na sexta-feira, para que o Prefeito possa pagar a diferença. Como há uma série de Projetos, inclusive um Projeto de Resolução, que segundo me consta, com uma série de Emendas, que eu mesmo apresentei, que trata do mesmo reajuste para os servidores da Câmara, então, nós podemos não ter condições de aprovar a Redação Final, com isso não pagaríamos, o Prefeito não poderia pagar os vencimentos. Penso que isto é um problema sério. Por isso é que eu me oponho à mudança na ordem de votação.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA (Questão de Ordem): Eu gostaria de acoplar ao Requerimento do Ver. Wilton Araújo a solicitação de que o PR nº 16/94, fosse discutido em primeiro lugar.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa informa que há, na verdade, três Requerimentos. O primeiro que trata da inversão da ordem de trabalhos; o segundo, uma inversão na Ordem interna da Ordem do Dia e o terceiro, do Ver. Nereu D’Ávila. Não sei se é possível votarmos primeiro a inversão dos trabalhos.

 

O SR. WILTON ARAÚJO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, com todo o respeito que devo à V. Exa. e à Mesa a qual integro, existe um Requerimento de minha autoria que trata da inversão na ordem dos trabalhos, trazendo a Ordem do Dia para agora. No mesmo Requerimento encaixa-se a sugestão do Ver. Nereu D’Ávila, líder da minha bancada, de que adite-se a este Requerimento que, ao invés de se colocar o Proc. 1075 em último lugar na discussão, atendendo ao apelo da liderança da Bancada do Partido dos Trabalhadores, que se inverta e traga o Proc. 1079 para primeiro lugar. Só há um Requerimento portanto e concordo com a alteração proposta pelo Ver. Nereu D’Ávila.

 

O SR. PRESIDENTE: Está claro. O Ver. Wilton Araújo faz apenas um Requerimento; ou se aceita-o na íntegra ou se rejeita-o na íntegra.

 

 

O SR. JOÃO VERLE (Questão de Ordem): Perdão, eu não fiz nenhum Requerimento para mudar a ordem da votação.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Com todo respeito, acho um pouco de falta de atenção, na medida em que o que expliquei foi que existe um só Requerimento que é de minha autoria, e há uma sugestão de aditamento a esse Requerimento, que eu concordo, que foi feita pelo Líder do me Partido, Ver. Nereu D’Ávila, tendo em vista a manifestação de V. Exa., para tentar acolher e fazer dele só um Requerimento de consenso da Casa, ou seja, para que a Ordem do Dia seja, imediatamente, em segundo lugar, ao invés do Proc. n.º 1075 ser passado para último Processo, logo após o Processo da Câmara Municipal, se faço o inverso, que o Processo da Câmara venha para primeiro lugar. A intenção da Bancada do Partido Democrático Trabalhista, à qual eu pertenço, é de que os dois assuntos sejam discutidos em conjunto.

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Redação Final não tem discussão, se vota ou não se vota.

 

O SR. PRESIDENTE: Está correto, estamos tratando do Requerimento.

 

O SR. JOÃO VERLE (Questão de Ordem): Quero contrariar o Requerimento do Ver. Wilton Araújo, no sentido de que se traga então para segundo lugar o outro Projeto, se vote primeiro a Redação Final após o outro Projeto.

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Em votação o Requerimento do Ver. Wilton Araújo. A votação será nominal. (Após a chamada) Rejeitado por 12 votos SIM e 17 votos NÃO.

 

O SR. EDI MORELLI (Questão de Ordem): Sr. Presidente, seria possível eu votar neste momento?

 

O SR. WILTON ARAÚJO (Questão de Ordem): Eu entendo que, no processo formal, dado que houve erro da Mesa, tendo já sido prolatado o resultado e constatado que um Vereador não votou, eu acho que deve haver nova votação, salvo melhor juízo.

 

O SR. PRESIDENTE: O voto do Ver. Edi Morelli não vai alterar a votação. Nós vamos manter o resultado que já havia sido prolatado de 17 votos Não e 12 votos Sim. Lembramos a todos os Vereadores que, quando não forem chamados para a votação, devem manifestar-se antes de o resultado ser divulgado. Por 17 votos Não e 12 votos Sim, está negado o Requerimento que foi encaminhado à Mesa. Portanto, mantém-se a Ordem do Dia.

Requerimento de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, solicitando Licença para Tratar de Interesse Particular no dia de hoje, 11 de maio de 1994. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

A Mesa declara empossado o Suplente Darci Campani em substituição ao Ver. Antonio Hohlfeldt, nos termos regimentais. O Ver. Darci Campani vai ocupar a Comissão de Finanças e Orçamentos da Casa.

Nós queremos apregoar o Requerimento que é assinado pelos membros da Mesa, de renovação de votação nos termos do art. 196 do Regimento para o PLE n.º 22/94, que dispõe sobre a conversão de vencimentos e salários em URV sobre a política salarial do Município de Porto Alegre e dá outras providências.

Também queremos apregoar duas Emendas, uma Emenda do Ver. João Verle ao PR n.º 16/94 que altera a redação do art. 4º - convertendo as vantagens pessoais de valor certo e determinado pelo seu valor em cruzeiros reais em 29.04.94.

A outra Emenda, também do Ver. João Verle, ao PR n.º 16/94, que leva o n.º 3, que altera a redação do art. 8º, da seguinte forma: Artigo 8.º - No caso de extinção da unidade real de valor, as importâncias expressas no referido padrão de valor monetário serão convertidas para a nova unidade pecuniária, passando a serem reajustadas com base nos índices e períodos dos servidores do Executivo Municipal.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, esta Emenda que acaba de ser apregoada é do Ver. João Verle ao PR 16/94?

 

O SR. PRESIDENTE: Exatamente ao Projeto de Resolução nº 16, que é o Projeto de conversão dos salários dos funcionários da Câmara Municipal. Iremos distribuir essas emendas, tão logo tiremos cópias.

Passamos à ...

 

 

O SR. NEREU D’ÁVILA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, parece-me que foi invertida a votação da Pauta.

 

O SR. PRESIDENTE: Não, o Requerimento foi negado.

 

O SR. AIRTO FERRONATO (Questão de Ordem): Só para esclarecer, o Requerimento feito pelo Ver. Wilton Araújo era único, ou seja, aceitaria a mudança desde que invertêssemos a ordem interna. Portanto, continua agora a Pauta em primeiro lugar. V. Exa. está certo.

 

O SR. PRESIDENTE: Muito obrigado, Vereador.

 

O SR. MILTON ZUANAZZI: Há tempo de requerer a inversão de Pauta pela Ordem do Dia?

 

O SR. PRESIDENTE: O Requerimento acabou de ser negado, Vereador.

 

O SR. MILLTON ZUANAZZI: Não é o mesmo Requerimento, Sr. Presidente. O Requerimento do Ver. Wilton previa mudança dos processos na Ordem do Dia e não a inversão da Pauta pela Ordem do Dia.

 

O SR. PRESIDENTE: V. Exa. quer fazer esse Requerimento?

 

O SR. MILLTON ZUANAZZI: Sim.

 

O SR. PRESIDENTE: Então, a Mesa coloca em votação o Requerimento do Ver. Milton Zuanazzi, que pede a inversão da ordem dos trabalhos, tendo agora a Ordem do Dia e logo após a Pauta.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA a mudança, com os votos contrários dos Vereadores Fernando Záchia, João Dib, Jair Soares, Clovis Ilgenfritz e José Gomes.

 

O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

Aproveitamos o início da Ordem do Dia, com todos os Vereadores presentes, para cumprimentar o Ver. João Bosco Vaz, pela promoção realizada, ontem, na SOGIPA.

Requerimento, da Mesa, que solicita renovação de votação nos termos do art. 196, do Regimento, do PLE n.º 22/94.

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, sempre os requerimentos são votados após a discussão e aprovação ou rejeição da matéria já concluída na Ordem do Dia.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. João Dib, V. Exa. talvez estivesse correto no seu Requerimento, só que desta vez, V. Exa esquece de notar que esse é um Requerimento da Mesa da Câmara, e tem implicância direta no Projeto que, iríamos votar logo após. Se, por ventura, votássemos agora a Redação Final, tal que está estabelecido pelos avulsos, nós estaríamos prejudicando este Requerimento que está sobre a Mesa para votação. Pediríamos a V. Exa. que votemos primeiro este Requerimento, que é um Requerimento da Mesa, para, posteriormente, votarmos a Redação Final.

Em votação o Requerimento apregoado, ou seja, renovação de votação do PLE n.º 22/94.

Para encaminhar, Ver. Milton Zuanazzi, pelo PT.

 

O SR. MILTON ZUANAZZI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, peço a atenção do Plenário, Srs. funcionários aqui presentes. Nós estamos diante, no meu ponto de vista, de um impasse. Por quê? Nós já votamos, em função de um acordo entre a Prefeitura e o SIMPA, o novo projeto salarial, introduzindo a URV. Deveríamos, no meu ponto de vista ter votado, no mesmo dia, o projeto da Câmara. Porque é tradicional no Município, que a lei que fica vigorando para os funcionários do Executivo, passe a vigorar para os funcionários do Legislativo.

Segunda-feira, respeitando o acordo do SIMPA com a Administração, nós votamos. Eu confesso que não dominava o acordo na sua amplitude e desafio os Vereadores a dizer que dominavam. Havia uma certa pressão dos próprios funcionários do Executivo de que necessitavam da aprovação para o recebimento de um atrasado, e a votação transcorreu na corrida. Assim como houve aquele acordo entre o SIMPA e a Administração Municipal, nós também, na Câmara, temos um sindicato e, se existe um respeito ao SIMPA pela negociação já feita, tem que haver, em contrapartida, o respeito ao SINDICÂMARA e à Mesa da Câmara.

Existe a tradição, histórica, de que as leis são, mais ou menos, comuns no Executivo e no Legislativo - hoje, vige ainda, a lei da bimestrabilidade que funciona para os funcionários do Legislativo - ora, se existe isso, nós tínhamos que ter encaminhado os dois projetos no mesmo momento, com o mesmo entendimento, para não haver discrepâncias. O fato é que o SINDICÂMARA, procurando a Mesa, hoje pela manhã, nos mostrou e provou, para mim, devidamente, que nessa negociação que houve, entre o SIMPA e a Administração Municipal, há uma perda real no salário, de 20%, em 1º de julho, em função da data da implantação da URV. Estudando isso com mais afinco, apesar de pouco tempo - tivemos apenas hoje, e tarde para estudar este assunto - cheguei à conclusão de que há perda real dos salários dos funcionários municipais em 1º de julho, quando entrar o real. Se adotado, ou seja, o que estou dizendo, em outras palavras, se mantivermos a atual política salarial do Município, bimestral, ou adotaremos a acordada pelo SIMPA com a Prefeitura, no dia 1º de julho, quando entrar o real, os funcionários municipais e os da Câmara terão prejuízo de 20%. E a partir daí se a inflação zerar, como todos imaginam que ela vai zerar até novembro, a partir daí esta perda é real para o bolso dos funcionários.

Dizia hoje na reunião da Mesa, que acreditava nas palavras do Prefeito Tarso Genro, quando disse que foi feita a melhor negociação em URV no momento. Se isto é verdadeiro, que a melhor negociação foi feita aqui em Porto Alegre, tenho a dizer que esta URV é o maior arrocho salarial da história do Brasil. E chamo aqui as palavras do Ver. Antonio Hohlfeldt, que dizia há um mês atrás, quando começou o debate no SIMPA, dizia que não entendia porque uns criticavam a URV e outros elogiavam.

Não imaginava que o arrocho salarial imposto pela URV fosse tão brutal, se essa negociação foi considerada a melhor possível, a melhor negociação já acontecida em URV dá uma perda desse tamanho, imaginem as demais pela média, imaginem os trabalhadores que nem a média levam.

Francamente, para mim a discussão tomou outro rumo. Acho que devemos encaminhar conjuntamente os projetos. Sou a favor, Ver. Luiz Braz defendeu na Mesa, que a gente não tenha projetos discrepantes, pois isto não faz parte da nossa história apesar de sermos poderes independentes. Somos um Poder, o Executivo é outro, não haveria problema de negociarmos com o Sindicato que representa os nossos funcionários. Não é isso comum, não faz parte da história da Cidade. Apesar disso, me parece que precisamos, e hoje tem tempo para isso, por que não? E por isso o motivo do Requerimento do Ver. Wilton Araújo, para que discutíssemos antes o Projeto da Câmara, para chegarmos no final da Sessão com os dois projetos juntos, já que ele não passou aquele Requerimento, defendo sermos favoráveis ao Requerimento da Mesa, que está pedindo a renovação de votação, exatamente, para encaminharmos conjuntamente o projeto apresentado pelo SIMPA, mas também pelo SINDICÂMARA. O respeito que nos merece o SIMPA, merece também o SINDICÂMARA. Assim como o Executivo merece o nosso respeito, o Legislativo merecerá o seu respeito.

Por isso o nosso Requerimento, e o meu encaminhamento a favor de que a gente reveja a votação. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encaminha pelo PPR, Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Na segunda-feira, por 26 votos a zero foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo que estabelecia uma nova política salarial para os servidores municipais. Hoje, a Mesa da Câmara tenta renovar a votação. Ora, 26 a zero, nenhum Vereador colocou dúvidas e me parece que a votação deve ser mantida. Não há o que se falar em renovação de votação porque não houve dúvida e é claro que se o Ver. Milton Zuanazzi diz que ninguém estudou e desconfia que alguém não saiba o que acontece com o salário em razão da URV, que a URV vai criar problema para todo o Brasil. Vai, e ninguém tem dúvida disso...

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Já está criando.

 

O SR. JOÃO DIB: Já está criando me socorre o meu colega Pedro Américo, mas acontece que nós estudamos e projetamos que aconteceria com a Lei aprovada segunda-feira e que deveria ter sido dada a Redação Final imediatamente. E a coisa é muito simples: evidentemente, para eu fazer um cálculo, tive que usar um número qualquer, e usei. Alguém que ganhasse 1 milhão de cruzeiros, eu poderia usar 100 mil cruzeiros, mas coloquei 1 milhão de cruzeiros, número de abril, com a nova Lei aprovada segunda-feira, cuja Redação Final está sendo discutida aqui, agora, receberia CR$ 1.257.400,00. Na forma da Lei nº 6855, o salário dos servidores municipais em maio seria de CR$ 2.109.000,00.

Na forma da Lei, aprovada segunda-feira, ele receberia CR$ 1.800.000,00. Aparentemente estão perdendo, mas se somarmos os dois meses não perderam nada. Mas em junho pela Lei 6855, o servidor municipal receberia de novo CR$ 2.109.000,00 e pela Lei aprovada na segunda-feira ele receberá CR$ 2.517.000,00, bem mais do que ele receberia normalmente. E estes CR$ 2.517.000,00 é que serão transformados em reais, no dia 1º de julho. Então não há perda. Em 1º de julho ele receberia CR$ 2.517.000,00 divididos pelo valor do real. Pelo amor de Deus! Eu não tenho porque achar que devamos votar outra vez, a não ser que queiramos que o Prefeito faça aquilo que ele pode fazer. E ele colocou num documento que ele encaminhou ao SIMPA e talvez por isso o SIMPA em uma proposta renovada e melhorada aceitou. Talvez ele espere a votação hoje à noite da URV e aplique pura e simplesmente, porque nada impede que ele faça isso.

Então, me parece que a situação é boa, porque nós não estamos fazendo média com novembro, dezembro, janeiro e fevereiro, e sim com dezembro, janeiro, fevereiro e março. Parece-me que a situação é boa para os municipários, melhor do que os outros que estão esperando que isso aconteça. E eu não estou entendendo porque 26 Vereadores, só tinha 26 Vereadores no Plenário e os 26 votaram favoravelmente, o que está acontecendo agora para que se coloque em dúvida o que foi feito na segunda-feira.

Então, eu peço a sensibilidade, a responsabilidade de todos os companheiros para um projeto, porque nós não estamos aqui para brincar de fazer leis. Nós não podemos nos condicionar cada dia a um disque-me-disque. Ou nós estudamos para votar por 26 votos a zero ou nós estávamos brincando de fazer leis nesta Casa, e eu não acredito que algum Vereador estivesse brincando, porque o assunto era extremamente sério, como continua sendo sério. Podem até rejeitar a Redação Final, é um direito que tem e deixem os municipários na Lei 6855, não tem as alterações propostas na Lei aprovada segunda-feira. E quem sabe o Prefeito então dia 30 de junho, antes um pouco, mande na forma da Lei a ser aprovada hoje de noite, é o que tudo indica no Congresso Nacional e faça uma média de uma maneira menos favorável aos municipários. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Wilton Araújo para encaminhar.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, apenas para esclarecer que este Vereador não apóia a proposta, embora a Mesa, por maioria, tenha colocado esse tipo de proposta, mas não este Vereador, como membro do governo, absteve-se.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Para a honra deste Vereador, fui escolhido pelos membros da Mesa para encaminhar e tentar explicar toda essa situação de conversão, para a Unidade Real de Valor, dos salários dos municipários tanto o Executivo quanto o Legislativo. O Projeto do Executivo chegara na sexta-feira à tarde, minutos antes d encerramento do expediente desta Casa. Na segunda-feira à tarde, de forma rápida, não diria sem o conhecimento total dos Vereadores, mas com pouca disponibilidade de tempo para analisar o Projeto. Ver. João Dib, temos que reconhecer porque pelos cálculos que V. Exa. apresentou da tribuna, até agora V. Exa não conseguiu entender a perda salarial.

Se até agora o Ver. João Dib, que já foi Prefeito e Secretário por várias vezes, não conseguiu identificar a perda salarial é porque o Projeto foi votado rapidamente. Havia um acordo entre o Executivo e o SIMPA. Na verdade, os Srs. Vereadores não conheceram, na sua profundidade, todas as suas nuances e sequer o SIMPA, que teve a oportunidade de se manifestar na segunda-feira, mas se colocou contra os artigos.

Esse Projeto foi discutido lá durante muito tempo e chegou aqui com a rapidez que só acontece com esses projetos em que tem que se pagar. Eu e a maioria dos membros da Mesa ficamos convencidos, hoje, pela manhã, quando da exposição do SINDICÂMARA em reunião com a Mesa. Ver. João Dib, os dados dizem respeito ao momento da conversão da URV para o real que se dará em julho e não em junho, conforme os dados que V. Exa. trouxe à tribuna.

Pelos dados da avaliação séria realizada pelo SINDICÂMARA, tão séria que convenceu a Mesa, em julho irão acontecer perdas num valor superior a 20%. Isso não é brincadeira no bolso de quem já vem sendo achatado. Se existe um acordo entre o SIMPA e o Executivo devemos até respeitá-lo. Mas devemos ter, também, a sinceridade e a transparência de dizer que ele tem, no seu interior, a perda salarial embutida. Se concorda o SIMPA, não concorda o SINDICÂMARA. E nós, da Mesa, não concordamos que haja perda salarial mais ainda. Isto é o que foi discutido. É isto que está em jogo aqui. Temos que colocar os dois Projetos em uma nova renegociação de um novo período, para que tanto os funcionários do Executivo, quanto os nossos funcionários e o Prefeito e a Mesa da Câmara, tenham um tempo suficiente para manter uma negociação isonômica, algo que possa ser bom para os municipários do Executivo, e também para os daqui, da nossa Câmara. E ouço o silêncio da maioria, e alguns ruídos da minoria. Mas aí está o porquê de a Mesa ter apresentado o Pedido de Renovação de Votação.

Precisamos, no entender da Mesa, de mais tempo para que nesse interregno de 2 dias possamos tratar com seriedade, tratar com isonomia, as perdas que existem e estão sendo impingidas aos municipários como um todo. A Mesa adota uma posição, por sua maioria - e não falo em nome do Vereador governista da Mesa, por razões óbvias - que é política, sim. A Casa é política, e nós precisamos tomar atitudes que politicamente possam resolver este impasse, que é o Executivo, com a concordância do seu sindicato, com relação à perda de 20%, embutida, e no Legislativo, a Mesa, em conversa com o seu Sindicato, foi sensível às manifestações, e não quer, por sua maioria, que existam perdas nos salários dos seus funcionários.

Com seriedade, temos que tratar a isonomia. Nós queremos que tanto os daqui como os de lá não tenham perdas salariais. Por isso apelo aos Srs. Vereadores para que aprovem a renovação, dando tempo para que a Casa, no seu conjunto, todas as Bancadas, possam mediar uma negociação que elimine, de vez por todas, as perdas dos salários dos municipários. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Clovis Ilgenfritz está com a palavra.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, mais uma vez coube a este Vereador por delegação da Bancada, a tarefa de colocar aqui, diante dos funcionários da Câmara, nossos colegas do SINDICÂMARA e de todos os Srs. Vereadores(as), uma posição que foi aprovada por 26 votos a zero, e que foi motivo de uma longa e difícil negociação do Executivo Municipal, através de três Secretarias em especial e do próprio Prefeito, com o SIMPA e a Comissão Representativa, tirada em Assembléia Geral do SIMPA, onde participaram em várias oportunidades, se não em todas, também as representações do SINDICÂMARA.

É importante que se diga Srs. Vereadores, que se fizer a renovação desse processo de votação e que se ele redundar na anulação do que foi aprovado, vai por terra um processo de mais sessenta dias de negociações, onde conscientemente com toda a clareza, com toda transparência, os funcionários, vinte e quatro mil representados pelo SIMPA, concordaram em Assembléia Geral com a proposta que foi mandada pelo Executivo para a Câmara. E existia um problema nessa proposta, sim, referente ao artigo 3.º, um problema que nós consideramos e muitos Vereadores de outras bancadas também, como problema técnico e que tinha que constar de uma ou de outra forma, que não seria motivo de negociação. Tanto é que, num primeiro momento, concordamos em fazer um destaque e depois chegamos à conclusão, numa discussão também difícil aqui dentro, que não precisava retirar aquele artigo, ele é parte integrante de qualquer processo. Até porque houve enganos no passado e nós não podemos cair nas malhas do Tribunal de Contas por um engano, também, não por má fé.

O SIMPA, há poucos minutos, nos disse que precisam, representando aqueles dois mil e quinhentos que foram à Assembléia e os vinte e quatro mil que estão esperando o pagamento na sexta-feira, que o Projeto, aprovada a Redação Final, seja sancionado pelo Prefeito para que dê tempo de pagar este ganho que houve com este Projeto, em torno de 28%.

E mais, o Projeto não é um projeto seco em cima apenas de um processo numérico imediato e, sim, de um processo de negociação que vem se dando pelo SIMPA e a Prefeitura com a participação, em muitas vezes, do SINDICÂMARA para que melhorem as condições salariais dos funcionários. É, realmente, um processo avançado, representa um ganho, agora, para números redondos, de 10% acima do Plano do Fernando Henrique Cardoso. É um processo vantajoso no momento. Hoje pela manhã, discutimos e com a maior transparência e respeito mútuo, chegamos à conclusão de que o SINDICÂMARA tinha que ter participado destas questões antes. Nós não votamos, como disse o Ver. Wilton Araújo, de afogadilho. Nós demos urgência, porque queríamos atender a urgência que estava sendo pedida pela assembléia de dois mil e quinhentos funcionários, onde o SIMPA foi lá e disse sim, o SINDICÂMARA foi lá e disse sim, também. A representação do SINDICÂMARA falou nesta assembléia dizendo que concordava com os termos da proposta. Isto é importante! Nós não podemos dar um passo atrás, agora, porque, se nós anularmos, vai reabrir a negociação e seja lá o que Deus quiser. Então, nós estamos pensando numa outra questão que eu acho que não é do conhecimento de todos os Senhores e nem dos Vereadores nem dos primeiros e, também, quem sabe, dos funcionários: a Prefeitura, Executivo Municipal - escutem bem porque isso é importante - através de um documento assinado pelo Secretário do Governo, que foi um dos Secretários que coordenou esta discussão, se comprometeu com o SIMPA, caso haver perdas, no decorrer do processo, nós próximos meses e essas perdas nós não vamos duvidar dos colegas da Câmara que fizeram os cálculos, podem ser diferentes de 20%. Mas não vamos duvidar porque o SIMPA quando votou sabia que existiria a possibilidade de perda no caminho. Então houve um acordo onde ficou decidido que ao invés de esperar maio de 95, que é a data base, daqui a um ano, seria feita a reabertura de negociação, em novembro de 1994, para corrigir possíveis distorções que a Prefeitura não tem culpa, que o SIMPA também não tem culpa e nem os funcionários da Câmara.

Por outro lado, é só ler a MP do Governo Federal, que está para ser votada no Congresso Nacional, hoje à noite e que seguramente deverá ser mantida, para mostrar que o direito dos funcionários está garantido. Está garantido o direito, se no decorrer do processo acontecerem perdas. E a negociação foi vantajosa. Portanto, não precisa renovar! Tem que dar, aqui, a redação final. Vamos discutir, num segundo momento, o Projeto da Câmara e vamos ver se vamos ou não seguir o processo de isonomia que está previsto na Constituição. Estas coisas têm que ser claramente colocadas aqui. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quando nos manifestamos, na Sessão passada, a respeito da negociação que o SIMPA faz com o Governo Municipal, e aqui esteve o seu Presidente perante a Comissão de Justiça, foi taquigrafado pelas nossas funcionárias da taquigrafia as palavras do Presidente, representando a categoria.

Eu disse, naquela oportunidade, que via, no processo de negociação que foi feito, perdas aos funcionários. Só que tenho por convicção que tenho que respeitar os sindicatos. Se este Sindicato ficou feliz com as perdas e fez o acordo, ele vai ter que explicar para os seus sindicalizados. Os funcionários terão que brigar com o Sindicato se não estão satisfeitos, ou aplaudi-lo se estiverem, este é o meu princípio. Eu não vi ainda nenhum Legislativo alterar aquilo que foi fruto da base de discussão entre o Sindicato, a categoria e o Governo. Na realidade, não podemos inverter o processo e, por isso, acabamos votando, por vinte e seis votos a zero. O Vereador, e funcionário público municipal, João Dib, sentia que as coisas estavam corretas, dentro do processo que havia sido feito.

Eu reconheço que os funcionários têm perdas, agora, se eles acordaram, através de seu sindicato, e com o Executivo, estando satisfeitos, não sou eu quem vou dizer o contrário. A alegria é deles. São eles quem recebem os salários e decidiram assim. Se der problema, a categoria que cobre deles. Se não ficarem contentes com eles, podem trocá-los na próxima eleição, como trocamos os Vereadores, quando não estamos contentes com eles.

Eu fiquei surpreso com a informação que o Ver. Clovis Ilgenfritz nos trouxe, de que o SINDICÂMARA também participou do processo, manifestando-se, favoravelmente. Eu gostaria de ter esta informação do SINDICÂMARA, porque não poderia haver este processo de descontentamento com aquilo que foi encaminhado como proposta.

O nobre Vereador deu-me um bilhete, dizendo que o SINDICÂMARA concordou, parcialmente, com o Projeto do Executivo. Isto foi colocado na Assembléia do SIMPA, pelo Presidente do SINDICÂMARA. Não sei o que querem dizer com “parcialmente”, mas estas questões de mobilizações sindicais, funcionais, salariais, devem ser muito bem discutidas e aprofundadas, para quando chegarem na Casa, chegarem com clareza para os funcionários, através de suas representações sindicais.

O que me pareceu, na verdade, é que acabaram os projetos chegando aqui não com a clareza devida, quando passaram dois meses discutindo. Isso me preocupa bastante, porque nós, Vereadores, e as lideranças dos partidos, que estão aqui todos os dias trabalhando poderiam ter discutido, tanto com o SIMPA, como com o SINDICÂMARA há mais tempo esses processos todos que estão aí, esses projetos que se desenvolvem. Isso é uma prática que eu sugiro aos dois sindicatos que comecem a se estabelecer, com mais antecedência, porque me parece muito errado dos sindicatos não terem a prática que é o inverso – lá na Assembléia Legislativa é diferente - mas aqui na Câmara, eu vejo, chega no dia das votações, aparecem os sindicatos. Tem alguma coisa errada nesse processo. Tem alguma coisa que não fecha com a relação que tem que existir dos sindicatos com os Vereadores.

Eu sugiro que nas próximas negociações que os sindicatos fizerem, como medida de bom senso, assim que tiverem uma decisão final, percorram os gabinetes das lideranças para trocarem idéias, para mostrar o que vai ser levado ao Plenário desta Casa. Aí nós poderemos ter melhores condições de avaliarmos e votarmos os projetos que forem encaminhados ao Executivo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento de renovação de votação. (Após a chamada.) REJEITADO por 12 votos SIM e 19 votos NÃO.

 

VOTAÇÃO

 

PROC. 1075/94 - REDAÇÃO FINAL do PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 22/94, que dispõe sobre a conversão de vencimentos e salários em Unidade Real de Valor (URV), sobre a política salarial dos servidores do Município de Porto Alegre e dá outras providências..

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação nominal a Redação Final do PLE nº 22/94. (Após a chamada.) APROVADO por 26 votos SIM, 03 votos NÃO e 03 ABSTENÇÕES.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Ao Requerimento, Sr. Presidente. Espero que agora não haja resistências para trazer o processo que discute e irá à votação sobre a conversão dos salários em unidade real de valor dos funcionários da Câmara Municipal de Porto Alegre.

 

O SR. PRESIDENTE: O Requerimento que faz o Ver. Wilton Araújo é para que o processo de conversão dos salários dos funcionários públicos da Câmara Municipal seja votado imediatamente.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o Requerimento do Ver. Wilton Araújo permaneçam como estão. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 1079/94 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 16/94, da Mesa, que estabelece a conversão dos vencimentos dos funcionários da Câmara Municipal de Porto Alegre em Unidade Real de Valor (URV) e dá outras providências. URGÊNCIA.

 

Obs.:

- sem parecer, nos termos do art. 102, § 4º do Regimento.

- para a aprovação, voto favorável da maioria absoluta – art. 82, § 1º, III, da LOM.

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Nereu D’Ávila para discutir.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ouvi com atenção a discussão anterior onde alguns Vereadores como o Líder do PTB, colocavam a sua perplexidade diante de manifestações de última hora do sindicato e outras questões adjuntas e eu pensava que os vinte e seis votos deveriam ser considerados. Agora, chamo a atenção porque nós temos responsabilidades das quais nós não podemo-nos alienar a cada votação.

A minha atuação pretérita, sempre disse, por isso estou à vontade, é de que embora respeitem as questões do sindicato e as suas relações com os demais funcionários, nós não devemos abdicar dos nossos direitos de, inclusive, estudarmos profundamente a matéria porque, há poucos instantes, também reconhecemos a nossa “meaculpa” em relação ao que está ocorrendo. As coisas sempre são assim. Nos jornais de domingo, matéria paga, festejando, antecipadamente. E segunda-feira, uma meia dúzia empurrando-nos para qualquer lugar, e nós, pacificamente, lá vamos. Aí, quando verificamos qualquer erro, como agora, fica o impasse. E temos que ter a coragem de dividir a nossa culpa, de sermos atropelados, literalmente, volta e meia. Respeito os Sindicatos, mas nenhum sindicato é mais importante do que um Parlamento inteiro. Acabamos de assinar aqui que não estudamos profundamente; “tocamos de ouvido”, porque estão dizendo que houve perdas. Não vou desmentir. Se eles querem as perdas, o problema é deles. Agora, entro com a argumentação deste Projeto: temos que assumir e não vincular; se eles querem problema, mantenha-se, e já está mantido. Agora, os nossos, aqui, temos que ter a coragem de não compor o mesmo erro; se há perda, têm que ser eliminadas.

Vivemos um novo momento nesta Nação; a Constituição de 88 deu novas formalidades, inclusive ao Vereadores - já estou cansado de repetir aqui- pela sua inviolabilidade. A Assembléia Legislativa, aquela sim, age verticalmente e dignamente. Perguntem - qual é a política salarial da Assembléia? Mensalmente, correção absoluta. Bolas para o Executivo! E porque não fazemos o mesmo aqui? Se há uma perda de 20%, temos, agora, que assumir essa perda? Por quê? Em nome de quê? Para depois colocarem nos jornais, como já colocaram, ridicularizando-nos? Dizendo que tudo passa aqui, e é verdade! Porque colocaram nos jornais de domingo, e passou segunda-feira aqui. Ninguém viu, ninguém sabe e foi aprovado. Aí chamaram às pessoas o cidadão de tranças ali, que concordou tudo. Ele falava, vergonhosamente, para nós e conseguiu 26 votos. Agora, mais uma vez, conseguiu que fosse respeitada a opinião deles, como se só eles fossem os donos da verdade. Aliás, o Sindicato representa o pensamento oficialista da Prefeitura de Porto Alegre; são, simplesmente, representantes do Prefeito. A assembléia foi de dois mil e quinhentos, mas não são vinte e quatro mil. Onde está a representatividade dessa assembléia? Então, a Câmara não tem que ser atropelada aqui em nome do pagamento de sexta-feira. Essa história é velha. Quando li isso, no domingo, pensei: o filme vai passar de novo. E passou. Agora, há alguns aqui que acham que o Sindicato falou, está falado. Os Vereadores têm que, como cordeirinhos, votar tranqüilamente. Este não é o meu pensamento. Porque há muito de medo pelos votos dos municipários nas épocas eleitorais, esta é a verdade.

Então, eu não vejo vinculação. Se está aprovado, e a Mesa diz que está, e não tenho por que não acreditar na Mesa da qual, inclusive, o PDT tem co-responsabilidade, se disse que vai haver perdas, por que agora ter que dar essas perdas também para os funcionários da Câmara Municipal nesse Projeto? Absolutamente. Eu creio que nós devemos arrostar essa situação. Há uma Emenda de minha autoria que corrige esses erros. E o Ver. Clovis Ilgenfritz disse que em julho ou em novembro, se houver isso ou aquilo, será corrigido. Ora, mas o problema não é esse. O problema é que o real vai entrar em 1.º de julho e até lá a inflação corre solta. Assisti ao Sr. Sarney na TV 2, esses dias. Ele excluiu aqueles 84% de quando ele saiu e vi que ele tinha razão, porque na hora da mudança, a inflação vai às nuvens, pela voracidade dos oligopólios, dos supermercados, das farmácias. É uma vergonha o que está acontecendo! Ainda ontem havia uma matéria na televisão sobre isso.

Eu não sei por que esses agricultores que invadiram e quebraram o Ministério da Fazenda não quebram as farmácias, os supermercados, que é onde está a barriga do povo? Com uma pretensa história de reforma agrária que nunca vem, eles lutam? Por que não lutam pelo amanhã, pela barriga cheia, pelo remédio, contra esses monopólios que desmoralizam qualquer governo desta Nação há muito tempo? Em julho vai a 90% a inflação. O real foi anunciado com 52 dias de antecedência. Então não há nenhuma razão séria para se ir para o abismo, quando na verdade podemos ressalvar os direitos daqueles que trabalham. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE O Ver. Milton Zuanazzi está com a palavra para discutir o PR n.º 16/94.

 

O SR. MILTON ZUANAZZI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. O Nobre Vereador Nereu D’Ávila, Líder da minha Bancada, foi extremamente feliz na sua exposição. Vou tentar consubstanciar ainda mais a veemente defesa do Vereador. A tentativa nossa que antecedeu essa discussão, que a maioria da Casa não entendeu, era de, no mesmo momento, apreciar o Projeto do Executivo e do Legislativo. Essa era a nossa tentativa. Foi a tentativa do primeiro requerimento e do requerimento da Mesa. Por quê? Para não ferir uma tradição, simplesmente. As leis salariais do Executivo são similares às do Legislativo. Estou falando das leis, dos seus conteúdos, não dos seus padrões. O fato é que há arrocho salarial na implantação da URV no Município.

Abro um parêntese, Ver. Nereu D’Ávila, se não houvesse essa corrida louca dos preços que está havendo, se não houvesse inflação sobre URV, a URV no pico era, simplesmente, a reparação da inflação do período, e, portanto, nada de ganho salarial. Isso tem que ficar claro. A lei do Sr. Fernando Henrique Cardoso é ridícula. É lamentável, é o arrocho violentíssimo. Não pode ser aceita por nenhum trabalhador deste País. Se chegamos ao ponto de os Municipários, mantida a lei atual, da bimestralidade, quando repõe e chegar em 1º de julho e entrar o Real tem um ganho de 20% em relação a essa negociação que houve. Então, por que essa negociação? Era dissídio, evidentemente tinha que haver negociação. Mas por que a mudança, se não é obrigatório ao Município alterar as regrar do jogo? É obrigatório para as empresas privadas e não para as públicas. Agora, o Governo do Estado, que vem sendo acusado há três anos de ter arrocho salarial, não adotou a URV. Hoje eu dou razão. Não adote essa URV, é arrocho salarial puro, só adote em 1.º de julho quando for implantado o Real.

 

O Ver. João Dib: V. Exa. me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador Milton Zuanazzi, o Governador Collares disse que aplicará a lei em que a Medida Provisória for transformada. Foi isso que ele disse. A Medida Provisória fala de uma média relativa aos meses de novembro, dezembro, janeiro e fevereiro, e isso não foi mudado.

 

O SR. MILTON ZUANAZZI: V. Exa. está enganado. Aplicará a Lei e ela diz o seguinte: a média salarial dos quatro meses para as empresas privadas. O setor público está liberado. Isto é a Lei, portanto o Município aplica a URV se quer ou não e o Estado também, assim como a União. A União aplicou a URV, até porque o Sr. Fernando Henrique e seus discípulos disse que tinha que aplicar. Agora, no Estado e no Município não é obrigado aplicar URV. Mas no dia 1º de julho é obrigatório, pois vai entrar uma nova moeda em circulação. A nova lei será aquela de 1º de julho. Esse é o nosso raciocínio. Qualquer raciocínio salarial só pode estar em função de 1º de julho. Esta é a questão concreta, Ver. João Dib. E V. Exa. cometeu um erro na sua manifestação anterior na tribuna. Exatamente aí que está o erro. E não há quem prove que a aplicação da URV não traz perdas salariais em 1º de julho. Se alguém me provar retiro tudo o que disse. Traz perdas salariais. Ora, se traz perdas salariais, mas se o SIMPA aceitou é porque deve ter as suas razões e eu respeito e votei a favor do Projeto. Foi a negociação do SIMPA com a Administração Popular.

Não aceito a propaganda da negociação. Acho que tem arrocho, mas se é o que os municipários do Executivo aceitaram como viável, muito bem, vem para esta Casa e nós temos que aceitar. O SIMPA negociou assim com o Executivo e recebe de nós a aceitação da negociação deles. Fomos aqui soberanos, foram vinte e seis votos a zero. A tentativa de mudar, foi a tentativa de um erro que eu volto a repetir que cometemos segunda feira de não termos apreciado esses projetos juntos. E acho que daqui para frente não podemos mais abrir mão de apreciarmos juntos os projetos, o do Legislativo e o do Executivo. Já que isto não ocorreu, são águas passadas, eu venho aqui defender, com toda a tranqüilidade, que nós, nesse momento, vamos fazer o desvio de rota.

O Legislativo, usando a sua soberania, a partir de agora, se desvia da política salarial do Executivo, aceita pelo SIMPA. Não quero nem discuti-la. Quero discutir a nossa. Há uma perda salarial. O SINDICÂMARA assim detecta. Não quer acordo daquela forma, quer alterar parte desses itens. Procurou a Mesa, que é verdadeiramente o seu Executivo. O seu Executivo em relação ao Poder Legislativo é a Mesa da Casa, e a Mesa traz o Projeto para discussão e tem uma Emenda do Ver. Nereu D’Ávila que propõe exatamente isso, que propõe o fim dessa perda salarial de 20, 28% em 1º de julho.

Dessa forma, o nosso encaminhamento é para que nós, a partir de agora, façamos o nosso Projeto diferenciado, não aceitando a perda salarial, problema do SIMPA: o SIMPA resolve com os seus filiados, resolve com o Executivo. Nós, aqui, cumprimos até uma obrigação Constitucional que tem que passar nesta Casa. Votamos por unanimidade. Ninguém pode criticar a Câmara. Agora, a questão do SINDICÂMARA, dos funcionários da Câmara, é outra questão. Merece um outro tratamento.

Eu, de minha parte, sou contra essa “urvização” que está sendo feita, esse arrocho verdadeiro que está sendo feito no bolso do trabalhador brasileiro. Cada sindicato pode negociar, se tiver essa possibilidade, ao seu bel prazer. Negocia e tem lá o ônus e os bônus da sua negociação. Agora, se o SINDICÂMARA que é um sindicato independente, aqui do Poder Legislativo, está entendendo que nós temos que caminhar pelo outro rumo, eu quero dizer que nós devemos votar a favor do Projeto do SINDICÂMARA.

 

 O Sr. Clovis Ilgenfritz: V. Exa. me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador Zuanazzi, pelo seu raciocínio, sou levado a entender que o melhor é não fazer a conversão agora? Esta é a sua proposta? O Projeto de Resolução da Mesa, que tem Emenda do Ver. Nereu D’Ávila e também tem Emenda do Ver. João Verle, não seria necessário. V. Exa. está dizendo que o Governo do Estado vai fazer assim e que é melhor porque vai aplicar a lei. Só que aplicar a lei que V. Exa. está colocando também é sabido publicamente que é muito pior, porque vai aplicar a lei pelo mínimo, pela média menor.

 

O SR. MILTON ZUANAZZI: Não, não tem obrigação nenhuma. Vai aplicar a Lei na entrada do real, ou seja, reposto o salário em 1º de julho, entra o real; não tem mais URV. E mais, Vereador Clovis, quero reparar uma frase sua. Não estou fazendo proposta; não nos foi dado o direito de fazer proposta nenhuma. Foi-nos dado o direito de homologar e nós homologamos o acordo do Executivo com o SIMPA. Agora, a categoria dos municipários encontra-se em estado de negociação e, por isso, as propostas podem vir em URV ou não. Tem que se ouvir as categorias. Se o SIMPA ouviu o Executivo e chegaram a uma conclusão, perfeito. Agora temos que ouvir o SINDICÂMARA e se a sua proposta diverge da proposta do SIMPA, precisamos respeitá-la e votar a favor. Não importa se, a partir de agora, o Executivo e o Legislativo terão políticas, em certos aspectos, distintas. Se o SINDICÂMARA quer URV e não quer a perda salarial decorrente da conversão, vamos discutir a entrada da URV sem a perda salarial. Ou seja, estamos aqui até num papel de magistrados no processo. Mas, com o SINDICÂMARA não. Fazemos parte integrante desse processo de discussão. Não pode ser de responsabilidade do Presidente da Casa; é uma responsabilidade deste Plenário.

Neste sentido, defendo que façamos essa negociação paralela com o SINDICÂMARA, mesmo que tenhamos que fazer mais algumas reuniões para acertar isto. Penso que devemos encaminhar neste rumo, já que em relação ao Executivo, não podemos fazer esta negociação global que era a proposta que apresentamos e que fomos derrotados. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: São 18h09min. Propomos ao Plenário que a Sessão seja prorrogada por mais duas horas a fim de esgotarmos as matérias que constam na Ordem do Dia. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

O Ver. João Verle está com a palavra para discutir o PR nº 16/94.

 

O SR. JOÃO VERLE: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Quero começar concordando com uma afirmação do Ver. Wilton Araújo na discussão anterior quando ele disse que temos que buscar a isonomia entre o Executivo e o Legislativo. Aliás, é um mandamento constitucional que ainda não cumprimos.

Quero concordar também com o m com o Ver. Zuanazzi, quando diz que é importante que os dois projetos de reajuste sejam discutidos juntamente. Mas por que discutir conjuntamente e por que falar em isonomia? Porque penso que todos são servidores do povo de Porto Alegre e, portanto, não se justifica tratamento diferenciado.

Não concordo que os servidores do Executivo desenvolvem um processo de discussão e negociação, produzam uma assembléia e aprovem a política salarial que não é aquela que eles queriam e não é aquela que o Executivo também gostaria de ter, ou seja, temos um dispositivo na nossa legislação que estabelece uma relação de gastos de pessoal com a receita. Temos, sim, que pagar o melhor possível nossos servidores, mas também temos que pensar nos outros gastos do Município e compatibilizar os interesses dos servidores, que são peça importante e fundamental na prestação de serviços aos porto-alegrenses e temos que pensar na população de Porto Alegre, que necessita de serviços e obras do Poder Público e nesta crise que estamos vivendo, infelizmente, a receita não é aquela que gostaríamos - e justiça seja feita a esta Casa que tem tratado com seriedade e aprovado os projetos de aumento da receita, coisa que tem permitido que não se arroche os salários dos servidores.

No entanto, a conversão pelo pico, ou seja, pelo salário mais alto não é possível e os municipários, por seu sindicato, reclamaram e não conseguiram. Chegaram a um meio-termo, que é melhor que a política salarial proposta no Plano FHC, como aliás disse muito bem o Ver. João Dib. Então, a Casa não pode abrir mais o fosso que separa os servidores do Legislativo, dos servidores do Executivo. Dentro do Espírito de buscar isonomia, há uma proposta que seria ótima se fosse possível, que é nivelar por cima, ou seja, trazer a remuneração dos servidores do Executivo ao nível que está o Legislativo. Se vamos distanciando cada vez mais os servidores do Legislativo, tem dispositivo neste projeto que aponta nesse sentido e muito mais a Emenda nº 01, apregoada pela Mesa, apresentada pelo Ver. Nereu D’Ávila. Não podemos abrir essa diferença entre o Legislativo e o Executivo.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exa. me permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Exa. falava em isonomia, só que esse caminho se esbarra na própria Constituição. O texto da Constituição diz o seguinte: “Lei preverá isonomia entre os Poderes.” Como não existe uma Lei que preveja esse isonomia, e o texto da Constituição manda que a Lei seja feita, na verdade estamos ainda sem essa proteção deste mandamento Constitucional. Quem sabe seja de autoria do Governo de V. Exa. este projeto de isonomia para o Município.

 

O SR. JOÃO VERLE: Concordo com V. Exa, realmente temos que buscar a isonomia, no entanto a isonomia para ser dada tem que ser paga, e para ser paga nós temos que buscar recursos, e estes nós temos que repartir dentro do próprio mandamento constitucional que estabelece um limite de gasto com pessoal. Hoje o inicial da Câmara pelo Projeto de Resolução que estamos discutindo passaria a 87 URVs, o Projeto que aprovamos para o Executivo, cuja a Redação Final foi votada hoje estabelece o padrão inicial em 78 URVs, são portanto 9URVs que partem na frente os servidores do Legislativo, ou seja, se há diferença que se constitui, através do tempo, e não se diga que são funções diferentes e que se compensam; a inicial parte daí, é claro que depois ela se alarga, ela aumenta em alguns níveis salariais, mas ela já parte na frente. Acho que nós temos que pensar numa forma de resolver. Eu acho que baixar, pura e simplesmente, a remuneração do Legislativo, é um processo traumático, é um processo que eu não proponho, certamente, meu partido também não.

Eu penso que em algum momento nós não teremos condições de fazer uma isonomia pelo nível mais alto. Nós, talvez, tenhamos que fazer um processo onde o salário do Executivo aumente um pouco e que haja uma pequena redução do Legislativo. O Projeto que nós estamos discutindo não aponta nesta direção, bem ao contrário, ele estabelece maiores diferenças. No artigo 8º, por exemplo, ao qual eu apresentei uma Emenda diz que, no caso da extinção da URV, quando surgir o real, o reajuste será feito pelo índice do DIEESE.

Todos nós sabemos que o DIEESE calcula mensalmente o índice de custo de vida, que, aliás, é o índice utilizado para a política salarial de hoje. No entanto, essa política é bimestral sujeita a uma tabela e comprometimento da receita com o gasto do pessoal. A nossa Emenda trata de manter essa mesma relação dizendo que o reajustes passam a ser com base nos mesmos índices e nos mesmos períodos dos servidores do Executivo. Isso é uma forma de evitar que a diferença se amplie.

No artigo 4º há uma conversão de remuneração pessoais de valor certo e determinado que serão convertidos em URV o valor em cruzeiros reais em 27.04.94. A Câmara recebe no dia 27. Nós estamos propondo que seja no dia 29, na mesma data que é feita a conversão para o Executivo.

Aqui nós já tivemos a polêmica bastante séria que houve em nível federal entre o Judiciário e o Executivo, quando este tentou converte seus salários com base no dia 20, que era o dia do recebimento. Todos nós sabemos que isso foi mudado na Medida Provisória. A Emenda do Ver. Nereu estabelece uma disposição de ampliação desta diferença no dia 1º de julho, quando for aplicada a URV, e estabelece a bimestralidade, fazendo o reajuste no ponto máximo. Sabemos que na negociação o SIMPA não conseguiu isso, por isso não vamos nos entregar de mão beijada, sem disputa, sem negociação, sem esforço, sem organização, para os servidores da Câmara Municipal.

Neste sentido, estamos entendendo que a Emenda do Ver. Nereu quer fazer a conversão pelo pico, ou seja, quer, em 1º de julho, transformar a bimestralidade em reais, juntamente, com a inflação do período. Evidentemente, esta proposta foi reivindicada pelo SIMPA, é interessante a partir do ponto de vista dos servidores e seria razoável pagar, se fosse possível. No caso a Câmara, já que os servidores do Executivo não receberam, seria mais uma vantagem para aumentar esse desnível. Seria, portanto, um ponto débil, já que temos que ter muito cuidado com a questão do Poder Legislativo frente a uma campanha insidiosa e de desmoralização deste Poder que vemos no dia-a-dia, na mídia eletrônica.

Então, isso pode prestar-se a uma exploração, porque isso é um privilégio. Não é recomendado fazer isso, não podemos aprovar, porque, certamente, os servidores do Legislativo e do Executivo vão se situar em posições antagônicas. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós respeitamos, evidentemente, todas as opiniões dos colegas Vereadores, aqui manifestadas, isso faz parte do processo democrático. Na discussão dessas opiniões é que surgem os caminhos mais positivos. A minha tese em relação ao SIMPA foi exposta, e considero muito bem colocada. Respeito o nobre Líder do PDT, que se manifestou contrário, mas no meu entendimento, que vivi no movimento sindical, conheço o movimento, tenho experiência e respeito o movimento sindical. Claro que nunca abdico o poder de legislador, mas tenho que respeitar um processo de negociação feito de forma clara e aberta entre as partes.

Volto a frisar que se o Sindicato não souber trabalhar bem a questão salarial dos sindicalizados, então os sindicalizados sabem o que devem fazer na próxima eleição. É como o político que não trabalha bem. Quanto ao Projeto em questão, que envolve os funcionários da Casa, a realidade é a seguinte: há uma preocupação externada por alguns Vereadores de que haveriam diferenciações entre o Executivo e o Legislativo, no tratamento da questão. E existe e sempre existiu.

Nós sabemos que o plano de carreira dos funcionários da Câmara é diferente dos demais funcionários. A remuneração é diferente. Lembro-me que vários Vereadores que são funcionários públicos municipais, já manifestaram isso daqui da tribuna. O fato de corrigirmos algum fator que consideramos que seja não querer premiar com algo a mais, os funcionários da Casa, mas lhes dar aquilo que consideramos justo, o que não significa dar privilégios, de forma alguma. Se os demais funcionários acharam que estavam satisfeitos e os funcionários da Câmara acharam que não, existe uma coisa que se chama independência dos poderes. E aqui está um poder, o Poder Legislativo. Quem paga o dinheiro dos funcionários, quem paga o salário dos Vereadores, não é o Prefeito de Porto Alegre, nem é o Executivo. É o povo de Porto Alegre, vamos lembrar disto. E quem arrecada o dinheiro também é o povo de Porto Alegre que vai distribuir e que vai lá contribuir e dá para o Executivo que exerce, como função de Estado, a esfera administrativa do poder.

Não deveria haver esse processo em que o Legislativo vai lá, todo o mês, pedir dinheiro para o Executivo. Isso eu considero uma forma de um processo autoritário que existe, de falta de respeito à independência dos poderes. O tratamento tem que ser diferente, porque o dinheiro que está lá nos cofres do Executivo, que é do Orçamento do Legislativo, não pertence a Prefeito, não pertence a Executivo nenhum. E não deveria, nunca, um Diretor da Casa, ir lá tratar com o Secretário da Fazenda, para liberar um dinheiro que é da Câmara. Isso é conversa fiada. Isso são, ainda, resquícios do processo autoritário de controle, do Poder Executivo sobre o Poder Legislativo, que existe neste País, lamentavelmente em todas as instâncias e que existe, também, em relação ao Poder Judiciário.

Vejam bem, Srs. Vereadores, o Poder Judiciário quando, em março, houve aquela situação lá no Supremo Tribunal Federal, em que houve aquele impasse, quis mostrar ao Poder Executivo e ao Poder Legislativo que ele é um Poder autônomo. E o fato de o Executivo arrecadar o dinheiro público, do povo, não significa que ele vá administrá-lo. Esse dinheiro é do Judiciário, e ele vai administrar. Como o dinheiro do Legislativo é do Legislativo, e ele vai administrar. E se administrar mal, o Tribunal de Contas que tome as providências. E se alguém agir mal, que seja punido com o rigor da Lei. Mas, na estrutura de poder que nós temos, o que está consubstanciando? Os Legislativos vivem na mão dos Executivos, pedindo. Ora, pedindo o quê? Se há um orçamento aprovado que diz que tal percentual do orçamento é do Poder Legislativo, não tem conversa, não tem nada que pedir. Tinha que, todo mês, ser creditado o percentual, o duodécimo que tivesse que ser colocado na conta do Legislativo, e acabou. E chega de conversa. E não tinha que ter conversa nenhuma com ninguém.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Para que V. Exa. não faça injustiça, já que a Bancada do Governo não defende, vou declarar a V. Exa. que o duodécimo nunca é negado, só há conversação quando a Câmara precisa mais do que isso. A coisa funciona muito bem entre a Câmara e o Executivo.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: A coisa não funciona bem assim, sei que não é assim. E o senhor ainda não teve esta experiência em que vi companheiros meus passarem para poder fazer chegar o dinheiro.

A verdade é esta: as coisas não são tão tranqüilas assim. Claro que existe um processo de respeito entre o Executivo e Legislativo. As coisas andam bem na esfera do Executivo e o Legislativo Municipal, mas a verdade tem que ser dita, que a Câmara como poder, muitas vezes tem que ir lá, meio que pedindo esmolas, para ouvir de um funcionário de segundo ou terceiro escalão respostas que não deveria ouvir. Com todo o respeito a todos.

Me parece que o processo de independência dos poderes tem que ser preservado sob todos os ângulos.

Claro que numa capital como a nossa as coisas se dão com menos rigor, porque há um processo mais próximo, de mais discussão, as coisas são mais fáceis. Mas nos municípios menores é terrível o que os Executivos fazem com os Legislativos. A gente fica até constrangido de ver. Mas, este é o processo instaurado no País, os resquícios do autoritarismo, da dependência dos poderes ao Executivo, seja o Legislativo ou o Judiciário.

Parece que hoje, aprovando o Projeto do jeito que ele está, com as emendas que interessam aos funcionários, não vamos fazer nada de anormal, não vamos estar criando nenhuma situação anormal de dar vantagens indevidas. Não se está fazendo nenhum trenzinho, nada que possa preocupar. O que na verdade se está fazendo, é procurando dar aos funcionários do Legislativo um tratamento justo.

Sou contra também esta tese que tem que diminuir um pouquinho de um para aumentar o do outro, não, tem que se aumentar todo o mundo. Não faço nunca um nivelamento por baixo, todo mundo quer nivelar por baixo. Qual o salário do político, perguntam, e querem comparar com o povão que está ganhando 64 URVs de salário mínimo. Mas, este é um defeito deste País que não sabe respeitar o salário do trabalhador. Teria que aumentar esse salário, teria que aumentar o salário-mínimo, teria que melhorar as condições salariais. Temos que nivelar por cima e não por baixo.

 

O Sr. João Verle: V. Exa. me permite um aparte? (Assentimento do orador.) O seu discurso é muito fácil, se houvesse condições, não seria só V. Exa. que estaria, não só nivelando por cima, como tantos reajustes maiores, porque todos sabemos que o funcionalismo não ganha muito, ganha pouco. Então, nós não podemos fazer esse discurso fácil: temos que pagar mais, temos que nivelar por cima. Acontece que na minha fala eu não disse que tinha que nivelar por baixo, eu disse que não era possível nivelar por cima. Então, o que nós temos é que um processo de negociação e discussão, que inclui também um aumento de receita, porque há uma relação entre o gasto pessoal e a receita, nós temos que encontrar uma posição que satisfaça, que minimize os problemas. Mas nós podemos fazer esse discurso a qualquer momento, mas temos que ter os pés na terra, conhecer a realidade, conhecer as possibilidades.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Só para concluir, Ver. João Verle, respeitando a sua posição, sei que não é fácil administrar. Mas uma coisa que o Município de Porto Alegre, o Executivo Municipal de Porto Alegre não pode se queixar desta Casa, são as condições que a Câmara de Vereadores tem proporcionado a melhora de arrecadação de tributos em Porto Alegre. Ninguém pode se queixar disto, Porto Alegre é uma das capitais, hoje, que está em melhores condições financeiras, por quê? Porque em primeiro lugar tem o sistema tributário mais justo, tem tido uma acuidade muito grande por parte desta Casa no tratamento das questões econômicas de arrecadação de tributos municipais. Claro que também tem sido rigorosa a administração no trato da questão financeira, mas justamente em função desse processo permanente que existe de melhorar as condições de arrecadação. É aquela velha história, se o bolo melhora nós temos que dividir melhor o bolo, então tem que ser dividido com aqueles que trabalham, com aqueles que produzem. Essa é a nossa visão. E acho que hoje até as próprias palavras do nosso Prefeito, das manifestações do Executivo, nós estamos vendo que realmente o Executivo hoje tem condições econômicas de melhor gerir a cidade e melhor pagar a Cidade e bem melhor pagar os seus funcionários. Está consubstanciado na própria arrecadação do Município. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para discutir o PR nº 16/94.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu poderia não vir discutir, mas acho que não seria justo para com meus companheiros, não colocar as tratativas que foram realizadas entre esta Presidência e o SINDICÂMARA, a respeito desta conversão de salários dos funcionários públicos municipais da Câmara. Quando foi feito o primeiro contato, e me foi apresentado ontem à noite ainda, esta Emenda que deveria dar entrada hoje a este Projeto, que faz com que o funcionário recupere a sua perda, de acordo com os cálculos feitos pelo próprio SINDICÂMARA, nós dissemos, Ver. João Verle, que nós achávamos que a própria isonomia ditada pela Constituição Federal seria um impedimento para que isto realmente fosse realizado.

Depois nós vimos no texto constitucional, que na verdade, o texto remete para Lei, para que esta isonomia realmente possa-se dar. E nós, dentro do Município, ainda não temos uma Lei que permita esta isonomia. Posteriormente, o assunto foi discutido com toda a Mesa. E, na Mesa, passou a proposta política do Ver. Wilton Araújo, e nessa proposta a Mesa foi favorável à possibilidade de uma renovação de votação do Projeto de conversão do salário do Executivo. Por que isto? Exatamente porque daria a possibilidade de, num conjunto entre funcionários públicos do Executivo e os da Câmara, do Legislativo, podermos discutir uma única política salarial para todos.

E é por isso que a tese levantada pelo Ver. Wilton Araújo passou na Mesa hoje e foi aprovada, contra apenas o voto do Ver. Clovis Ilgenfritz. Mas esta foi a tese que passou, a tese da renovação.

Como esta tese foi hoje derrotada pelo Plenário, nós voltamos novamente ao estágio inicial da negociação. Será que é válido nós aumentarmos a distância entre funcionários da Câmara Municipal e os funcionários do Executivo? Para que a isonomia que é apontada pela Constituição Federal que deve ser feita através de Lei, nunca possa se dar, porque quanto mais nós aumentamos esta diferença, mais distante estaremos de cumprir este dispositivo constitucional. Sou absolutamente favorável e deixei claro isso ao Sindicato quando da conversa ontem, à noite, e inclusive deixei hoje também, deixei  claro para os funcionários e par os representantes do SINDICÂMARA, que nós somos absolutamente favoráveis a que o funcionalismo público, e não apenas ao funcionalismo, mas todos os trabalhadores, possam buscar aquilo que acham que ficou para trás nesta conversão do salário para URV, porque não foi apenas o funcionário público do Município de Porto Alegre que se sentiu lesado nesta conversão. Os funcionários já dão este grito, os operários já estão dando este grito, os trabalhadores em geral, desde que iniciou esta conversão do salário em URV. Portanto, não é uma luta isolada de uma determinada categoria ou de determinados setores do funcionalismo público, é uma luta de todos os trabalhadores.

Meu Líder Ver. Jocelin Azambuja, eu tenho compreensão, Vereador, que no momento em que nós dividirmos este estes funcionários, no momento que tiramos os funcionários da Câmara desta luta, que deve ser travada junto ao funcionalismo público em geral, eu acredito que estaremos prestando um desserviço, na verdade. Não estaremos contribuindo para que este País entre na normalidade, como proposta política é excelente, é ótima, eu até acredito que se o PT estivesse na oposição faria exatamente isso. Acredito que nós estamos precisando trabalhar com muita consciência, com muita coerência no campo político, a fim de que nós possamos até com desgastes pessoais, mas fazermos o possível para que a normalidade possa se dar.

 

O Sr. Airto Ferronato: V. Exa. me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Agradeço o aparte, mas para fazer um registro, porque não pretendo usar a tribuna, mas para deixar claro que o Projeto que tratará da isonomia é da iniciativa exclusiva do Executivo: portanto, nós, Vereadores, não temos competência para tal.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Airto Ferronato, V. Exa. tem absoluta razão, mas nós Vereadores podemos colaborar. Como podemos colaborar? Fazendo com que essa diferença entre os funcionários públicos do Executivo e os funcionários públicos do Legislativo não aumente. Acho que essa é a maneira de colaborarmos, porque se não isso jamais poderá acontecer.

 

O Sr. Jair Soares: V. Exa. me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu sou a favor do Projeto. Pergunto a V. Exa. se houve o exame de repercussão financeira em face da lei de meios aprovada, ou se vamos ter que suplementar.

 

O SR. LUIZ BRAZ: De qualquer forma teríamos que suplementar. Mesmo que não tenhamos essa reposição nos salários de um pouco mais de 20% para o mês de julho, teremos que fazer a suplementação. Talvez esses 20% que virá a mais fará com que precisemos antecipar a suplementação. Aliás, não só nesta rubrica com referência pessoal, iremos precisar suplementar. Isso é absolutamente normal. Já fizemos um contato com o Sr. Prefeito Municipal avisando-o da necessidade dessa suplementação.

Na verdade, o problema não está na suplementação que é uma coisa absolutamente normal. Tanto os de lá como os de cá precisam de suplementação no Orçamento. O grande problema se dá exatamente na luta que trava todo o funcionalismo por um salário que seja digno para todos para todos e não apenas para alguns. Todos têm que receber um bom salário e não apenas os funcionários públicos, mas operários e trabalhadores de todo o quilate. Mas no momento em que começarmos a dividir essa luta, no momento em que nós não somarmos essa luta, contribuirmos para a união dessa luta, na verdade estaremos prestando um desserviço.

Como Presidente da Casa, eu teria uma posição muito cômoda apoiando os 20% e, afinal de contas, ficaria numa posição até certo ponto privilegiada porque vamos dar 20% a mais para o funcionalismo da Câmara que soma o número de setecentos funcionários contra os vinte mil. O Ver. Clovis Ilgenfritz exagerou, hoje, quando falou em vinte e quatro mil ou vinte e seis mil. Na última vez em que vi o quadro com os inativos vai até vinte e quatro mil, com os ativos fica na base de vinte mil, dezenove mil. Então, na verdade, para mim, seria muito cômodo como Presidente desta Casa, simplesmente dizer “sim” a essa posição porque eu ficaria bem com o SINDICÂMARA e na verdade nós travamos um bom relacionamento, eu não precisaria de forma alguma discordar do SINDICÂMARA, mas e a minha consciência, e aquilo que eu penso realmente do meu País, e aquilo que eu quero realmente para todos os trabalhadores? Onde fica realmente a minha consciência política? Realmente, acho que não serviria para dirigir este Legislativo, para estar na posição de Presidente deste Legislativo, que é um dos mais importantes desse País, se, na verdade, não tivesse esta visão mais ampliada, esta visão mais geral do problema. Eu não estou defendendo aqui a posição do Sr. Prefeito Municipal, ou do Sindicato, que acabou apoiando a não-reposição, mas estou aqui apoiando que essa luta possa continuar, mas para que a reposição possa se dar para todos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): O Ver. João Dib está com a palavra para discutir.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, gosto de dizer que sou servidor público por vocação, formação e convicção. Tenho também a convicção que escolhi para servir e não para ser servido e acho que cada um pode e deve dar o que é seu, mas nunca dar o que não é seu. Acho também que meus colegas servidores municipais são extremamente inteligentes, absolutamente não são tolos, acompanharam tudo o que estava sendo discutido com a Medida Provisória do Presidente da República, estabelecendo a URV, que me informa o Ver. Jair Soares, não será votada hoje, mas será votada na terça-feira.

Naquela Medida Provisória se diz que a reposição salarial se fará uma vez por ano na data base, porque se espera que não haja inflação. Aquela Medida Provisória trata da caderneta de poupança, em julho as regras serão outras, será criado uma nova TR, diferente da que se calcula hoje e o Ministro da Fazenda, homem absolutamente correto, sem dúvida nenhuma diz que não será retirado, até a expressão é que não será garfeada a população na sua caderneta de poupança, mas as regras serão outras, mantido apenas um meio por cento referente ao juro. Agora eu disse desta tribuna que os municipários não são tolos, eles discutiram profundamente.

Mas alguns Vereadores não lêem o que ocorre nos processos. E aqui está o SIMPA dizendo: (Está no Processo.) “Diante do atual quadro conjuntural e do nível de mobilização à disposição do nosso movimento, consideramos que os municipários devem aceitar a proposta conquistada na mesa de negociações. Esta proposta, embora fique aquém do que reivindicamos...” Ninguém está duvidando disso.

Quando eu fiz os cálculos nesta tribuna, eu esqueci de dizer o ganho real de abril a junho de cada municipário é de 7%. Agora, se for para fazer na forma da Emenda aqui colocada pelo Ver. Nereu D’Ávila, nós vamos transformar o salário pelo pico. Mas isso aí não é o que o Governo brasileiro está dizendo, está pedindo para os brasileiros com o apoio de todos. Ou, se nós vamos fazer isso para os privilegiados, aqui ou ali, nós não vamos ter condições de levar este Brasil igualmente para todos.

Então, os municipários dizem que reconhecem que eles estão perdendo alguma coisa. “Representa a proposta inegavelmente um avanço concreto e positivo sobre a situação em que nós encontramos.” E depois eles colocam os cálculos, aqui, não apenas dizem. “Conversão de salários em URV, retroativo a 1º de abril, tendo como base o vencimento inicial, P2, em 78 URVs, equivalente, hoje, a 106 mil cruzeiros. Pagamento imediato em folha suplementar; vale alimentação no valor de 3 mil e 200 cruzeiros, dando 80 mil cruzeiros para cada servidor até o nível 7; supressão da faixa relativa ao reajuste de 60%. Nós fomos saqueados pelo Governo Municipal.” Três vezes em 91, julho de 91, setembro de 91 e novembro de 91. E eu não vi movimentação desta Casa e inclusive, eu exigi e concordaram em que entraríamos na justiça pela má-aplicação da Lei 6855. A Casa só ficou na aprovação de entrar. Isso foi no dia 13.12.91, não vi, mas agora estão baixando. Não vai mais acontecer de ter 60% de reposição salarial, vai ter 80, que é muito melhor. “Gatilho da antecipação da inflação superior a 15%.” Na lei que o Governo vai aprovar, não tem reposição salarial, mas, aqui, se mantém a bimestralidade. Por isso, os servidores municipais não são tolos. Isto tudo foi aprovado, aqui, na segunda-feira, e referendado hoje. “Reposição salarial superior a 15%.” Esperamos que não haja essa inflação, mas se houver 18% desta, no mês de julho, o municipário recebe, imediatamente, em reais, mais 3%. Em agosto, ele receberá os 15% e mais o que se refere a este mês. O municipários não é tolo! Ele sabe que está perdendo um pouquinho, mas muito menos do que o restante dos trabalhadores brasileiros.

“Continuidade da política de reajuste bimestral, a partir do real.” Diferente do que está escrito na Medida Provisória que será aprovada na terça-feira.

“Criação de segunda tabela que vigorará, a partir de janeiro de 1995.”

“Redução do redutor de 5, para 1%.” Eles fizeram um trabalho muito bem feito, inclusive calcularam o que representa o salário.

Termina dizendo assim: “Cabe ressaltar que a proposta é melhor do que a atual política salarial, pois nos permite um poder aquisitivo maior, hoje, do que o garantido no bimestre pela reposição de maio.

Defendemos, portanto, a conversão da URV, pois a bimestralidade de julho não poderá ser paga em real, à inflação anterior.” É isso que o Ministro da Fazenda está dizendo para a caderneta de poupança. O cruzeiro, hoje, está morto. Agora, não há possibilidade da proposta da Emenda do Ver. Nereu D’Ávila, de fazer com que, no dia 30 de junho, se calcule a bimestralidade, que seria paga a partir do dia 1.º de julho, fazendo cálculo, em reais, do salário que deveriam ter pela bimestralidade. Quando é para ganhar mais, nós aceitamos, mas quando é para ganhar menos, se faz outra lei. Não é assim. Termos que ser mais sérios, mais corretos. Temos que enxergar o todo da população, não somente aos funcionários da Câmara Municipal. Tenho o maior carinho por todos os servidores municipais, mais o certo é certo, e o errado é o errado. E não há mais do que dois caminhos: é o caminho certo e o caminho errado. E para mim o caminho certo foi o que aprovamos por 26 votos contra nenhum, e que agora espero que seja aprovado no PR da Mesa da Câmara, sem as Emendas que propõem alterar a essência de tudo aquilo que aprovamos e discutimos hoje à tarde. Portanto, evidentemente que vamos aprovar o Projeto de Resolução da Mesa. Não há por que negá-lo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Com a palavra o Ver. Clovis Ilgenfritz.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, funcionários aqui presentes, estou me incluindo entre aqueles que assumem uma responsabilidade pública de defender a igualdade, a isonomia, de fazer justiça, de buscar melhorar as condições de vida de todos os setores da população.

Estamos diante de um processo, aqui agora, em que o Vereador, dada a sua intimidade, dada a sua amizade, dado o respeito que temos historicamente, eu que participo desta Câmara desde 1984, em que se fomos levados apenas pelo coração ou pela conjuntura atual, vamos aceitar todos os pedidos feitos pelos conjunto de funcionários e, em especial, pelo seu órgão representativo que é o SINDICÂMARA.

Precisamos como já foi dito pelo Presidente, pelo companheiro Verle e, agora, pelo Ver. João Dib, assumir uma postura de não gerar mais problemas para os funcionários criando esses distanciamentos a cada vez que vem uma lei para a Câmara. Não era esta a postura anterior.

Acho e quero, mais uma vez, com todo o respeito, dizer aos dirigentes do SINDICÂMARA que houve uma espécie de cochilo, de perda de oportunidade para fazer o que tinha que fazer. O SIMPA foi negociando com a Prefeitura durante dois meses ou mais em cima de questões reais, objetivas, e viu que era vantagem fazer a conversão desde agora, e que depois, em novembro, conforme o acerto feito com o Executivo, poderia ser feito um trabalho de recuperação.

Agora, é muito fácil, nós chegarmos aqui, ficarmos dando uma de bonzinho com todos os colegas funcionários, aceitando uma pressão que eu acho que é politicamente legítima, mas não podemos aceitar uma coisa que é ilegítima do ponto de vista legal. Nós não podemos aceitar que aumente cada vez mais a distância entre os mesmos funcionários, da mesma municipalidade.

Nós temos uma Prefeitura, onde dos vinte e quatro mil funcionários, entre efetivos e aposentados, e temos menos de seiscentos funcionários que são da Câmara. Precisamos resguardar esse processo dentro da coletividade, junto à sociedade em geral, do desgaste muito grande da Câmara, porque cada vez que a Câmara tem que legislar alguma coisa, relativa aos próprios Vereadores, ou dos seus funcionários, é acusada de estar legislando em causa própria, criando uma diferença e não mantendo a isonomia que deveria ser sagrada. Não tem por que nós mudarmos esse tipo de comportamento.

Ainda agrava-se o processo porque já existe uma diferença, Ver. Pedro Américo. Se V. Exa. e os demais Vereadores analisarem o Projeto, a Câmara Municipal de Porto Alegre, ao fazer a conversão, vai ter um número em torno de 88 URVs para o salário básico mínimo, enquanto no Projeto da Prefeitura, do Executivo se manteve em 78 URVs. Por que isso? Porque em determinado momento já houve o estabelecimento dessa diferenciação de tratamento entre os vinte e quatro mil funcionários do Executivo e os seiscentos da Câmara.

Eu não posso defender uma proposta, como eu defendi aqui, com toda a transparência, com a coragem de ser criticado, depois, de ser mal entendido, e depois voltar aqui e dizer: “Não, agora, só porque são seiscentos e são meus colegas, estão todo o dia comigo, vou mudar de opinião.” Não pode acontecer isso. Acho que os funcionários deveriam ser os primeiros a tentar ganhar espaços para que a isonomia se desse pelo valor máximo possível.

Agora, como se sabe que na realidade isso é impossível no momento atual brasileiro, e embora no momento atual da Prefeitura, as finanças sejam das melhores do País, também ainda é impossível, e, ainda existem limites constitucionais. Tem que haver uma negociação conjunta. Dou razão ao Ver. Zuanazzi, ao próprio Ver. Wilton Araújo, quando disseram aqui que tínhamos que fazer a negociação no mesmo dia. Não deveriam existir processos diferentes. Tínhamos que analisar também isso. Há ou não há autonomia da Câmara? A Câmara é uma instituição com um mecanismo arrecadador? A Câmara tem receita própria? A Câmara depende ou não do Orçamento que foi votado? A Câmara é ou não é uma parte do processo administrativo da municipalidade? Em termos financeiros, depende de todo o processo que o próprio Executivo também depende. Ninguém é mais do que o outro, mas existe um processo em que os recursos são para pagar os funcionários servidores públicos, melhor dito, do Município. Uns que trabalham na Câmara, outros que trabalham nas várias Secretarias.

Neste aspecto, esse tipo de autonomia é uma colocação que falseia a realidade, que não coloca na sua dimensão exata o que significa a autonomia dos poderes. E aí defendemos que haja autonomia sim. Autonomia de poder político. Autonomia dos Vereadores para legislar as questões da Cidade, sem atrelamento ao Governo Municipal, seja qual for o partido que estiver lá; em favor da Cidade. Os projetos que são importantes para a Cidade, que venham do Executivo ou do próprio Legislativo têm que ser discutidos e aprovados. Essa questão que eu acho que está sendo colocada como uma questão de autonomia. Agora, nós estamos jogando com os funcionários, dando privilégios para uma parte, jogando-os contra os outros funcionários, que não têm esse privilégio, porque não é possível. Eles fizeram dois meses de negociação, e não conseguiram mudar, porque chegaram à conclusão, em conjunto com o Governo, de que não era possível. Por que nós, aqui na Câmara, vamos ter que tomar uma atitude diferenciada?

Então eu mantenho a proposta que fizemos na Mesa, de que deve se aprovar o Projeto de Resolução da Mesa, para atender aos funcionários municipais da Câmara, nas mesmas condições dos funcionários municipais do Poder Executivo.

Em segundo lugar, que se continue, como vem acontecendo com o SIMPA e o Executivo Municipal, um processo permanente de discussão dessa questão. Não dá para deixar de discutir a questão do salário aqui na Câmara. Depois que passou o Projeto do Executivo, e foi isso o que aconteceu, embora eu saiba que o SINDICÂMARA usou essa tribuna para alertar os Vereadores, o SINDICÂMARA fez vários movimentos, nós temos que entender isso e, até, fazer a nossa culpa, não só a Mesa, como todos os Vereadores, para tentar conversar com os Vereadores, mas isso não se viabilizou. Se não se viabilizou, as duas partes têm de assumir, por que não? E, por que só um dia depois, em que passou o Projeto do Executivo, nós vamos nos dar conta de que havia perdas, se elas já estavam calculadas pelo próprio SIMPA, quando eles fizeram o acordo? E, não são as perdas que estão sendo colocadas em questão, porque o próprio Executivo assumiu, com o SIMPA o compromisso de retornar essa discussão, nos termos de valores, em novembro, conforme carta enviada pelo Secretário de Governo ao SIMPA.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Darci Campani cede o seu tempo a V. Exa.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Eu já estou concluindo e me sentindo muito desconfortável por estar aqui defendendo uma questão que eu sei, que neste momento, a maioria dos colegas da Câmara podem não estar entendendo. Agora, eu quero dizer que o que me preocupa é manter coerência, é fazer um trabalho sério e ter a minha consciência tranqüila. Consciência de que estamos procurando manter a isonomia mesmo que essa isonomia, paradoxalmente, não exista mais, porque ela já não existe. Se andarmos no meio dos funcionários do Executivo, eles dizem, lá na Câmara têm privilégios. Basta dizer que nós aqui recebemos quinzenalmente, e o Executivo não, e assim por diante.

 

O Sr. Darci Campani: V. Exa. me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu cedi o meu tempo ao Ver. Clovis, mas gostaria de um aparte para fazer uma rápida intervenção. Enquanto funcionário público federal, eu gostaria de esperar, mas a Sessão não vai ter o espaço final e neste ponto de Pauta específica em que se está discutindo política salarial, eu gostaria de salientar o que está na capa de Zero Hora, “Governo prepara a intervenção na Polícia Federal”, infelizmente a Zero Hora foi rodada durante à noite e durante à noite o Exército interveio em uma greve de funcionários públicos.

Quem viu o Jornal do Almoço, hoje, viu os tanques nas ruas de Brasília, ruas interditadas no Centro de São Paulo. É um fato bastante grave, com o discurso do Sr. Presidente da República dizendo que o serviço público é para o público e com isso ele quer garantir o serviço público. O serviço público é para o público, mas o servidor público também faz parte desse público e merece salário digno que não é pago, hoje, pelo Governo Federal. A Minha intervenção é exatamente na questão da isonomia. Um Vereador na tribuna se referiu à isonomia como, ainda, uma herança da ditadura. Infelizmente, não é essa a realidade. A isonomia é uma conquista dos trabalhadores na Constituição de 1988.

Os trabalhadores, principalmente os funcionários públicos federais, cansados de terem os seus salários achatados enquanto que alguns setores dentro do serviço público federal tinham garantias de melhores salários ou pelo seu poder de estar junto a uma outra categoria, mais próximo do Executivo, mais próximo do Legislativo, os trabalhadores conquistaram a isonomia salarial. A isonomia não é uma herança da ditadura. Gostaria de salientar o que um outro Vereador colocou que o orçamento da Câmara era uma percentagem do orçamento do Município. O que existe na realidade não é bem isso: primeiro, ele é transformado em uma cifra. Essa cifra, sim, é corrigida mês a mês pela UROMPA, é o orçamento. Qualquer aumento da receita da Prefeitura tem que ser negociado com o Executivo para que haja a devida correção no Orçamento da Câmara, não é imediato.

Temos que trabalhar com as informações corretas para não chegarmos a conclusões diferentes. Apelaria aos servidores da Câmara para que se unissem aos servidores do Município. Às vezes, num determinado momento, por uma pequena conquista, podemos entregar a união de uma categoria; e num outro momento pode ser muito caro a entrega dessa união.

Agora, temos três mil servidores da Câmara, o que é uma parcela, relativamente, pequena dos servidores públicos municipais, querendo uma conquista um pouco maior. Mas, na hora em que essa parcela necessitar do apoio dos vinte e quatro mil funcionários públicos municipais para uma outra luta, outra conquista, será dificultada a negociação.

Apelo aos servidores da Câmara para que mantenham a união da categoria.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Entendemos o pronunciamento do Ver. Darci Campani como uma contribuição importante do modo que ele está colocando. Os demais funcionários estão fazendo movimentos de apoio aos funcionários públicos federais. Como estão o SINDICÂMARA e o SIMPA? Por contraditório que seja, trabalhadores estão sendo perseguidos pela polícia, enquanto policiais que querem e necessitam, têm direitos a melhores salários. Os próprios militares estão fazendo lutas para melhorarem os salários e nós aqui, querendo criar diferenças; criar um processo de distanciamento de uma categoria, porque tem privilégio de estar junto ao Poder Legislativo.

 

A Sra. Clênia Maranhão: V. Exa. me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Só queria lembrar a V. Exa. que essa questão de a mesma categoria ter vários sindicatos só foi possível tendo em vista uma decisão da Constituinte, que o PT aprovou, que possuía unidade sindical.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Vereadora, não estamos dizendo que isso seja ruim, só estamos querendo que os sindicatos lutem unidos e não uns contra os outros. Porque é isso que a classe dominante, que os setores da elite querem, entre os próprios trabalhadores a cisão a cizânia. Com isso nós não concordamos.

A rigor, há um outro aspecto que os nosso colegas funcionários da Câmara devem considerar: a possibilidade de colocar em prática uma legislação diferenciada se inviabiliza, num primeiro momento, porque o poder Executivo não tem condições. Mesmo que não tenha ainda a lei que estabeleça o regulamento sobre a questão da isonomia, a Prefeitura está sujeita a ser questionada judicialmente. Assim como, também, se não for dado o que os funcionários quiserem, eles podem entrar na Justiça e pedir justiça. Mas tem que partir de dados concretos, para ver se realmente está havendo justiça ou injustiça.

Então, nós estamos aqui, honestamente, de peito aberto colocando a necessidade de aprovar o Projeto de Resolução da Mesa. Há duas Emendas do Ver. João Verle que não influem nesse processo de isonomia, mas que corrigem redação e há a Emenda do Ver. Nereu D’Ávila que, infelizmente, no nosso ponto de vista, não é possível ser aprovada agora, até para que o próprio Projeto não sofra um processo de continuidade. Era essa a questão. Na próxima vez, como disse um Vereador que me antecedeu, devemos começar a discussão um pouco antes para não ficar “chorando sobre o leite derramado”. Mesmo para nós, é muito ruim ficar aqui defendendo uma questão que contraria o interesse da maioria neste processo conjuntural.

Agora vamos usar a nossa condição de Vereadores de toda a Cidade. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão. Em votação. (Pausa.) O Ver. Wilton Araújo está com a palavra para encaminhar o PR nº 16/94.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. O que se viu e está-se vendo, hoje aqui, é uma discussão sobre o momento e o tipo de política salarial adotado, primeiro pelo Prefeito Municipal e a Administração Popular. Nesse tocante, foi evidenciado pelos números, e até por aqueles que defenderam e defendem o Executivo Municipal – e nesta questão ganharam um aliado importante na pessoa do Ver. João Dib - até eles reconheceram as perdas salariais existentes no Processo dos funcionários municipais do Executivo. Foram feitas muitas contas, umas de cabeça, outras no papel, mas todos chegaram à conclusão de que havia perdas. Chegou a ser dito pelo Executivo, por sua Bancada aqui, que reconhecia as perdas, mas que era o melhor que poderia ser feito.

Naquele momento, naquela discussão, pretendíamos fazer a discussão casada, abrir um novo período para que ela pudesse se proceder de forma conjunta para buscar a isonomia, mas fomos derrotados pela bancada governista, que, naquele momento, não queria isonomia nenhuma. Agora, quando é da parte do Poder Legislativo, poder independente, no meu modo de ver, Sr. Presidente, discordo da posição de V. Exa.. Poder independente com prerrogativas a partir da Constituição de 1988, que não foram ainda integralmente assumidas por nós, faço a mea-culpa, pois temos que fazer. Temos o poder e não o exercemos ainda na sua plenitude. Talvez seja pelo restante do longo período de ditadura que existiu no País. Os parlamentos ainda tímidos não assumiram o seu papel real. E nesse tocante a Bancada do PDT encaminha o Projeto no sentido de ver reconhecidas as nossas prerrogativas de independência total dos Poderes. Não existe meia independência. Só no aparte, só no discurso, mas no bolso não. A independência político-administrativa está ligada à econômica e todos sabem disso.

Se não houver independência econômica, não haverá as demais. Então, eu vejo, Ver. Clovis Ilgenfritz, o esforço de V. Exa. em tentar explicar o inexplicável, de tentar dizer que existe arrocho, mas foi um grande avanço, que existe perda, mas não foi tanta; de falar dos tanques nas ruas, da dificuldade, da atrocidade dos tanques em cima da polícia federal, são todos trabalhadores e estão todos perdendo. Mas quando se tem a administração na mão o que se faz? Se arrocha também. Então os caminhos e as teses e as teorias que V. Exa esposou aqui são muito boas nas teorias, na prática é outra coisa.

Nós da Bancada do PDT vamos dizer que a Casa precisa ser independente e vamos partir de que tudo tem um começo e o nosso começo será hoje. Em cima, não de privilégio, como foi dito aqui. Não, não são privilégios, perda de poder aquisitivo, perda de dinheiro no bolso ou a sua simples reposição não pode ser confundida com privilégio. E se existem diferenças entre o Executivo e o Legislativo, não somos nós que vamos começar hoje, elas já existem há algum tempo. E se existe alguém que deve fazer o projeto e terminar com essas diferenças, criando a isonomia, é o Executivo, porque é de sua exclusiva competência.

Para concluir, Sr. Presidente, diria que a Bancada do PDT vai votar favoravelmente ao Projeto e à Emenda Nereu D’Ávila, que é apenas um porta-voz, pois, na verdade, a Emenda é do SINDICÂMARA. Vamos votar com o SINDICÂMARA, propugnando que, a partir de agora, temos a mínima independência de administrar nossos próprios funcionários. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar o PR nº 16/94.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Eu já disse que me orgulho de ser servidor municipal por vocação, formação e convicção. Meu orgulho é tão grande que fui Prefeito desta Cidade e, hoje, sou oposição ao Prefeito, mas penso que a coerência deve ser mantida no posicionamento de qualquer político.

O Ver. Wilton Araújo não me surpreende quando vem aqui e critica um posicionamento que entendo correto, porque é coerente. Quando fui Prefeito, em determinado momento - em 85 - os servidores municipais obtiveram 300% de reajuste em seus salários para uma inflação de 235%. Naquela oportunidade, o Ver. Wilton Araújo, juntamente com outros Vereadores - Ver. Antonio Hohlfeldt, Vera. Gládis Mantelli e Ver. Artur Zanella - me trazia um documento dizendo que eu podia pagar mais aos servidores municipais, já que eu afirmava que não havia dinheiro.

Vejam aqui o documento que o Ver. Wilton Araújo me deu: (Lê.) “Dívida do Banco do Brasil a pagar: 11 bilhões de cruzeiros; investimentos e recurso próprios: nada; investir em pessoal 15 bilhões de cruzeiros.” Ora me entregaram esse documento em maio de 85. Se em maio de 85 eu ainda tivesse os 15 bilhões no orçamento, deveriam me tirar na mesma hora da Prefeitura, pois eu seria um incompetente e não haveria feito nada. A reserva de contingência - 10 bilhões de cruzeiros - que eu deveria entregar para os servidores municipais como reserva de contingência não servisse apenas para pagar salário, mas neste caso já havia sido dado para a Carris e Pronto Socorro, ao DMLU não deveria ser dado nada, a Cidade deveria ficar cheia de lixo e se poupariam 4 bilhões de cruzeiros, o DEP deveria ser auto-sustentável e aglutinar-se ao DMAE e eu pouparia 5,5 bilhões. Assim eles me arrumaram 48 bilhões de cruzeiros dizendo que eu deveria cobrar das empresas de transporte coletivo o ISSQN que era cobrado, continuaram a dizer mais coisas que eu deveria fazer, eu fiquei só olhando.

Eu dizia para o Ver. Wilton Araújo que ele era responsável pelo destino desta Cidade, V. Exa. é engenheiro como eu, V. Exa. tem inteligência e competência, ele me respondeu, e eu quase chorei de raiva: “Problema é seu, Sr. Prefeito.” Não, não é problema do Prefeito, é da Cidade, é da Câmara e do Executivo. Fica muito fácil uma idéia como essa que o Ver. Wilton Araújo ainda mantém, eu não o condeno, por ser coerente com as suas posições anteriores. Eu entendo que os municipários muito inteligentemente se anteciparam na luta e conseguiram tudo o que podiam conseguir. São inteligentes, sabem as limitações da Prefeitura, e as coisas continuam as mesmas. Dêem tudo o que a Prefeitura tem para os servidores, mesmo que não tenha. Está escrito aqui, eu guardei com tristeza, foi por isso que quando saí da Prefeitura naquele dia, quase chorando, eu imprimi uma frase: “O direito nasce do dever.” Eu incomodo os senhores quando repito aqui esta frase. Portanto, Ver. Wilton Araújo, V. Exa. hoje está me dizendo a mesma coisa, só que hoje o problema é de outro Prefeito, está dizendo que é dele o problema, vai buscar o dinheiro aonde, não sei?

Eu, naquele dia, achava que o Ver. Wilton Araújo era co-responsável pela administração da Cidade, juntamente comigo que era Prefeito, continuo achando que hoje eu oposição ferrenha ao Governo Municipal não me faz perder o bom senso, a oposição não me faz perder o meu conhecimento, a minha inteligência, nem a minha seriedade, porque eu também saberia dizer dêem isso, dêem aquilo, e até fazer algumas coisas bonitinhas que ficariam até meio difícil de se contestar porque quem viveu lá, no meio, sabe contestar. Eu vejo que os municipários conseguiram algo de muito bom, a Câmara está conseguindo a mesma coisa, assim é que deve ser. Não podemos fazer a Emenda proposta pelo Ver. Nereu D’Ávila, com respeito que tenho ao Vereador, porque seria dizer que aquilo que votamos segunda-feira não vale nada. Nós votamos com vinte e seis votos. Não havia nenhum contra, o próprio Ver. Nereu D’Ávila votou favorável, eu vou dizer que nós vamos aprovar o Projeto, mas vou dizer que a Emenda nº 01 tem que ser rejeitada até porque o próprio Governo Federal não vai permitir que no dia 1º de julho, quando não terá mais cruzeiro real, se modifique salário de cruzeiro real para o real. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Henrique Fontana está com a palavra para encaminhar pelo PT, o PR nº 16/94.

 

O SR. HENRIQUE FONTANA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, especialmente funcionários da Câmara que nos acompanham neste debate. Acho que é preciso diferenciar duas coisas quando se discute a remuneração dos servidores públicos, neste caso, independentes se eles são servidores da Câmara Municipal ou se são servidores do Executivo Municipal. Sobre o mérito todos nós temos a mesma posição. É preciso que todos os trabalhadores lutem para ter salários cada vez melhores. Não existe dúvida quanto a isso. Todos nós queremos que os salários sejam cada vez melhores. Agora, é preciso, quando se administra, tanto o Poder Público Municipal como a Câmara de Vereadores, é preciso pesar as duas demandas reais, corretas, legítimas da população da Cidade e dos seus servidores. Os servidores querem, é justo que assim seja, melhor salário. A população quer, é justo que seja assim, mais investimentos para o Município em saúde, educação, obras públicas e outras iniciativas.

Pois bem, na minha opinião, o que faz a diferença entre um administrador sério, correto e que respeita os interesses da cidadania e dentre esses interesses estão os interesses dos trabalhadores, dos servidores municipais, é encontrar, mediante uma negociação, e não mediante a uma imposição, é encontrar um equilíbrio entre essas duas coisas. É isso que a Lei que rege, atualmente, os salários dos servidores municipais garante, porque diz o seguinte: se o comprometimento da arrecadação da Prefeitura cair abaixo de 65% com a massa salarial, no mês seguinte, a Prefeitura, obrigatoriamente, independente da vontade do Prefeito, deverá dar um aumento real, que reponha, novamente, os investimentos com pessoal para o nível de 65%. Como esta Lei, a Prefeitura de Porto Alegre não está autorizada a arrochar os salários dos servidores, desviando este dinheiro para obras. Pode ser que o salário não seja ideal, mas este recurso não está sendo desviado da massa salarial para obras e outros serviços, porque isso é um fator fixo nesta tabela. Esta é a grande conquista desta política.

Concordo com todos os Vereadores que me antecederam e com todos os municipários que conheço, o nosso salário não é bom. Neste momento, temos uma convicção, ninguém está sendo enganado. Não existe um arrocho deliberado. É importante que se diga que partidos, como o do Ver. Wilton e Ver. Nereu, não adotam essa mesma política de destinar uma porcentagem dos recursos públicos para pagar salários dignos. Por que essa Emenda não é encaminhada para o Governador Collares, para que ele passe os salários de seus servidores para URV, ou será que vale o discurso fácil de dois pesos e duas medidas. Não se trata de achar que algum Vereador seja contrário a melhores salários para os servidores. Todos nós somos favoráveis a melhores salários, só que temos que os encontrar dentro do equilíbrio das demandas concretas da Cidade e dos funcionários públicos municipais, tanto da Câmara como do Executivo.

Concluo dizendo que, quando se fala na independência dos poderes, que o Ver Wilton Araújo também trouxe à tribuna, quero dizer que ninguém aqui duvida da independência dos poderes. Os poderes são independentes, mas os recursos públicos que alimentam e que garantem os cofres dos dois poderes vêm das mesmas pessoas, que somos nós quando pagamos impostos, e, portanto, se queremos encontrar uma política salarial justa para todos os servidores deste País, vamos mais longe, precisamos encontrar a coerência de manter uma política isonômica entre as partes. Se o Poder Legislativo se achar no direito, e eu sou contra essa posição, de deliberar uma posição diferente na sua política salarial, isso vai gerar uma tensão com outros servidores, que também têm esses direitos. Não se trata de dizer que esses direitos são legítimos ou ilegítimos, pois todos eles são legítimos, e a nossa luta deve ser no sentido de ampliar a arrecadação pública e com isso gerir melhor a máquina pública e pagar salários cada vez melhores aos servidores públicos, que merecem. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação nominal o PR nº 16/94. (Após a chamada.) APROVADO por 31 votos SIM, com ressalva das Emendas.

Em votação nominal a Emenda nº 01. (Após a chamada.) APROVADA por 17 Votos SIM e 14 Votos NÃO. Fica prejudicada a Emenda nº 03.

 

O SR. JOÃO VERLE (Questão de Ordem): Sr. Presidente, entendo que a aprovação da Emenda nº 01 não prejudica a Emenda nº 03. A Emenda nº 01 repõe o valor em julho e a Emenda nº 03 dá uma sistemática para os reajustes futuros.

 

O SR. PRESIDENTE: Tem razão V. Exa., Ver. João Verle. Não fica prejudicada a Emenda nº 03.

Em votação a Emenda nº 02. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA a Emenda nº 02.

Em votação a Emenda nº 03. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA a Emenda nº 03.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 0812/93 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 19/93, que extingue a Supervisão de Planejamento e Programação Econômica da Secretaria do Planejamento Municipal (SPM), cria o Gabinete de Planejamento e dá outras providências. (Com emendas nºs 01 e 02.)

 

PARECERES:

- da CCJ. Relator Ver. Isaac Ainhorn: pela aprovação do Projeto;

- da CFO. Relator Ver. João Dib: pela aprovação do Projeto e pela rejeição das Emendas nºs 01 e 02;

- da CCJ. Relator Ver. Isaac Ainhorn: pela aprovação das Emendas nºs 01 e 02;

- da CUTHAB. Relator Ver. Pedro Ruas: pela aprovação do Projeto e das Emendas nºs 01 e 02.

 

O SR. PRESIDENTE: Requerimento do Ver. João Verle, solicitando o adiamento por uma Sessão do PLE nº 19/93. Em Votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Srs. Vereadores gostaria de dar um aviso. Estarei me afastando, domingo à tarde e também na segunda-feira, atendendo um convite que a PETROBRÁS faz esta Presidência para conhecer uma plataforma petrolífera. Portanto, devo dar ciência à Casa.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 2008/93 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 102/93, da Vera. Clênia Maranhão, que institui o Fundo Municipal de Proteção ao Consumidor.

 

PARECERES:

- da CCJ. Relator Ver. Fernando Záchia: pela rejeição;

- da CFO. Relator Ver. Antonio Hohlfeldt: pela aprovação;

- da CUTHAB. Relator Ver. Mário Fraga: pela rejeição;

- da CEC. Relator Ver. Décio Schauren: pela aprovação;

- da CEDECON. Relator Ver. Milton Zuanazzi: pela aprovação.

 

Obs.: adiada a discussão por cinco Sessões.

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão está com a palavra para discutir.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, procurarei ser o mais breve possível na discussão deste Projeto. Eu quero esclarecer aos Srs. Vereadores que o Projeto agora em discussão, que cria o Fundo de Proteção ao Consumidor, faz parte de um conjunto de projetos que estão sendo discutidos, inclusive com o Legislativo, através da Secretaria de Indústria e Comércio do Município, onde está incluída a discussão do Conselho Municipal, de um balcão de informações que será apresentado pelo próprio Executivo e do Fundo que agora está em votação, que é o Fundo Municipal de Defesa do Consumidor, que se anteciparia aos demais projetos, visando a assegurar os recursos necessários para que o Conselho Municipal venha a alcançar os seus objetivos, fiscalizando e coibindo os abusos de preços.

É importante também ressaltar que o Fundo não pode ser considerado inorgânico, tendo em vista que ele não acarreta despesas para o Executivo, ao contrário, ele garante que das receitas que sejam arrecadadas das multas, 70% sejam revertidos, através do Fundo, para o próprio Município. Então ele geraria acréscimo de entrada e não despesa para o Executivo. Portanto, alguma alegação foi feita em algumas das Comissões de que o Projeto seria inorgânico, não tem base real, tendo em vista que é regulamentado pelo próprio Decreto nº 861/93, que regulamentou o Código de Defesa do Consumidor. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Não havendo “quorum”, encerro a presente Sessão. Convoco os Srs. Vereadores para a Sessão Ordinária de sexta-feira, à hora regimental. Estão levantados os trabalhos.

 

(Encerra-se a Sessão às 19h46min.)

 

* * * * *